A aliança que elegeu Blairo Maggi governador de Mato Grosso duas vezes – eleição e reeleição – não deve ser reeditada para 2010. Motivo: os Democratas, do senador Jaime Campos, terá que apoiar o PSDB por causa do projeto nacional do partido; e o PPS, de Percival Muniz, não pode nem ouvir falar de siglas aliadas ao presidente Lula, no caso do Partido da República de Maggi e do Partido dos Trabalhadores, de Carlos Abicalil e Serys Slhessarenko. Não é gosto ruim, é a realidade de quem vê o cenário político do ponto de vista de Brasília, centro das discussões políticas no Brasil. Para Luís Antônio Pagot, diretor-presidente do Departamento Nacional de Infra-Estrutura Terrestre (DNIT), o sonho da aliança “Mato Grosso Mais Forte” tem suas realidades com contornos bem definidos.
É partindo desses pressupostos bem definidos que o economista, apontado como um dos principais articuladores do governador Blairo Maggi, homem de estreita confiança do chefe do Executivo, avalia o quadro político que está se formando para 2010. Do que restou daquela coligação que surpreendeu a todos ao suplantar pela força política e uma boa dose de rejeição ao grupo dominante na época são apenas os ideais. Pagot crê que o candidato do conjunto de partidos que vão seguir republicanos e trabalhadores, assim como foi Maggi naquele ano de 2002, será alguém novo. “Não é nenhum desses nomes que estão sendo colocados”.
Em outras palavras, o PR poderá buscar alguém “novo” para manter a tradição. Depois de 2002, o grupo tentou em 2004 repetir a façanha na eleição municipal, em Cuiabá, mas acabou perdendo a disputa para o chamado “meio político” dos aliados, que optou por Sérgio Ricardo, atual 1º Secretário da Mesa Diretora da Assembléia Legislativa. Maggi foi reeleito e já como partido, aplicou em 2008 a tática, com a indicação do nome de Mauro Mendes, empresário, presidente da Federação das Indústrias de Mato Grosso,que ganhou a “queda de braço” contra o próprio Sérgio, na época, presidente da AL. Mendes, porém, não conseguiu o sucesso obtido pelo seu guia político, o governador.
O quadro agora, porém, é outro. Os republicanos passaram a buscar um nome “diferenciado” depois que o próprio Pagot naufragou na sua proposta de ser o candidato ao Governo do Estado. Ele não confirma se esse nome diferenciado seja o juiz federal Julier Sebastião da Silva. O magistrado há tempos ensaia entrar na política, mas, na última hora, dá sempre um passo atrás. Pagot conversou com o juiz federal sobre o assunto. “Estamos trabalhando na aquisição de novos quadros e possibilidades para o futuro”, avisou Pagot. O recrutamento do juiz para a política, no entanto, tem complicações. Especialmente quanto a militância partidária.
Uma alternativa mais conservadora do ponto de vista político é do deputado federal Carlos Abicalil, do Partido dos Trabalhadores. O parlamentar federal, no entanto, internamente, tenta conquistar a vaga de senador da República, ocupada pela sua adversária de corrente Serys Slhessarenko. Especialmente porque do outro lado da eventual aliança PR-PT estará o governador Blairo Maggi. Ou seja, a vaga já era cobiçada e agora ficou mais ainda. Pagot disse que a aliança PR e PT reúne atualmente 51 prefeitos, que representam 30% da força política do Estado.
O PMDB, por outro lado, seria “amarrado” na coligação com o nome de Tetê Bezerra, esposa do deputado federal Carlos Bezerra, que conduz a sigla com “mão-de-ferro”. No afago, Pagot cita a possibilidade de Silval Barbosa também ser candidato ao Governo. Em que pese tanto o vice-governador como o deputado do PT não se enquadrarem nas tradições do grupo político, qual seja, de “sacar” nomes da cartola.