Vinte e cinco mulheres foram assassinadas este ano em Mato Grosso, a maioria vítima de feminicídio. Para a delegada Juliana Chiquito Palhares, da Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), este é um crime anunciado. Está inserido na violência doméstica e a morte da vítima é o ápice de uma situação de abusos que evoluiu até a tragédia.
O homem que assassina uma mulher com requintes de crueldade é motivado, na maioria das vezes, pelo sentimento de posse. Crime é reflexo de uma sociedade machista, que “coisifica” a mulher, afirma Palhares.
Ela destaca ainda que o criminoso não mata apenas, mas mutila o corpo, principalmente o rosto de sua vítima. Nos 3 casos investigados recentemente por Juliana, as características são as mesmas. Assassinos que não aceitavam o fim do relacionamento.
A suspeita de uma traição justifica para eles a morte das companheiras. Desta forma eles planejam os crimes e ao desfigurar os rostos e mutilar os corpos mandam o recado para toda sociedade, de que conseguiram destruir o que para elas era o mais belo.
No final de semana, a estudante de direito Dineia Batista Rosa, 35 anos, foi uma das vítimas deste crime hediondo. O homem com quem manteve relacionamento por dois anos a esganou com as mãos, depois a enforcou usando um fio elétrico e por fim, com tijolos, desfigurou seu rosto, deixando-a irreconhecível para os próprios familiares.
Preso pela Polícia Militar oito horas depois, disse que matou Dineia por ela o ter denunciado por agressões e pela suspeita de que ela estaria traindo-o. Este foi o segundo crime com as mesmas características praticado pelo acusado, 31 anos. Ele foi condenado a 17 anos de prisão pelo assassinato da primeira esposa, Danevimar da Silva Dias, 23 anos. Ela foi estrangulada com um fio elétrico no dia 23 de abril de 2008, após uma briga do casal. O suspeito ainda cortou com uma faca um pedaço do seio de Danevimar.