Luiz Carlos da Rocha, o ‘Cabeça Branca’, que era o traficante mais procurado pela Polícia Federal e foi capturado recentemente em Sorriso, onde também residia, teria movimentado, durante 20 anos de atividade ilícitas, mais de R$ 1,2 bilhão. A estimativa foi divulgada pela Polícia Federal e publicada pelo jornal O Globo. As investigações apontaram ainda que ele reuniu uma fortuna de 100 milhões de dólares (aproximadamente R$ 320 milhões).
Conforme a publicação, Cabeça Branca abastecia mensalmente, com ao menos cinco toneladas de cocaína pura, países na Europa, África e Estados Unidos. Também seria o principal “fomentador da guerra travada entre quadrilhas rivais de criminosos no Rio e em São Paulo, fornecendo cocaína mais barata e sem tanta pureza para bandidos ligados às maiores facções do país”.
Para conseguir sucesso na empreitada, cita a reportagem, o traficante teria “comprado” senadores e deputados no Paraguai, além de servidores públicos estaduais e federais em Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul e São Paulo. Para a Polícia Federal, ele também pagava pelo apoio de funcionários dos portos de Santos e Itajaí, por onde escoava a cocaína.
Conforme Só Notícias já informou, Luiz Carlos admitiu em depoimento à PF ser dono de milhares de dólares encontrados em outra residência dele, em Osasco, “especialmente a grande quantia em dinheiro de US$ 3,4 milhões, que “em qualquer situação que ele pudesse ser preso, aquela quantia em dinheiro seria utilizada para o sustento da família e arcar com custos de advogado”, disse. Além do dinheiro vivo, havia 26 garrafas de vinhos, incluindo o celebrado Château Petrus, avaliado em mais de US$ 10 mil a garrafa.
Cabeça Branca disse ainda à PF que a cocaína que vendia era produzida na Bolívia. Disse que mandava seus comparsas esconderem a droga em fazendas em Mato Grosso e, posteriormente, em depósitos em Cotia e Embu das Artes, na Grande São Paulo. Falou por seis horas ao delegado responsável pela operação, Elvis Aparecido, na Superintendência da PF em Curitiba, sem a presença de seu advogado, que não foi localizado no dia.
No depoimento, o traficante preservou os nomes do PCC e do CV, organizações que os investigadores já sabem que eram abastecidas por ele. Afirmou que só responderia a questões “relacionadas a fatos sobre sua pessoa”. De acordo com as investigações, Cabeça Branca era o responsável pela entrada no Brasil de cerca de 5 toneladas de cocaína por mês para abastecer as facções. Parte da droga era enviada ao exterior. Para a PF, a quadrilha de Cabeça Branca tem tentáculos no Paraguai, Bolívia, Panamá, Estados Unidos, Itália, Espanha, Oriente Médio, África e Rússia.
A Revista Época também e apurou que além do nome Vitor Moraes, Cabeça Branca usava o pseudônimo Luiz Henrique, pelo qual era conhecido na casa em Osasco. Sobre os documentos que conseguiu forjar, o traficante contou que tudo foi feito na Praça da Sé, no centro de São Paulo. Disse que não saberia identificar quem os falsificou. “A exigência do interrogado era para que fossem fornecidos documentos ‘quentes’ e a gama completa de documentos, por exemplo, RG, CPF e até mesmo passaporte”, diz o depoimento. Em relação à CNH, afirmou que ela foi feita “oficialmente” pelo Detran após ele mesmo levar a documentação falsa no órgão, que não percebeu as fraudes. Por razões de segurança, Cabeça Branca foi transferido para a Penitenciária Federal de Catanduvas, no Paraná, uma unidade de segurança máxima.
Luiz Carlos da Rocha foi preso pela Polícia Federal, no último dia 3, em Sorriso. Ele era considerado o "traficante número 1" procurado pela Polícia Federal, há mais de 30 anos. A PF confirmou que "foram montadas diversas equipes em vários Estados e no exterior e fomos cercando" "até chegar as residências onde ele tinha maior frequência, em Sorriso e Osasco (onde usava para se encontrar com traficantes e comparsas).
Em Sorriso, não fazia nada de ilícito. Ele tinha vida social normal", explica o delegado Elvis Secco. Luiz Carlos usava CNH e outros documentos falsos. "Um dos nomes que usava não possuía antecedentes". "Ele vivia em Sorriso como grande agropecuarista, com a esposa e um filho" e "já estava vivendo na região há muito tempo", acrescenta o delegado, onde plantava soja e criava gado. A polícia suspeitava que ele estava vivendo no Paraguai mas após anos investigando também comparsas e familiares conseguiu descobri-lo em Sorriso.
Como Luiz Carlos fez algumas cirurgias plásticas, a PF teve um minucioso trabalho para constatar que era a pessoa procurada. "É uma situação parecida com filme. Não tinha como cruzar com ele em barreira policial e ele ser identificado (devido as plásticas que fez) porque também usava identidade falsa", explicou o delegado. "Ele é o traficante de número 01 procurado pela PF e tem mais importância que Fernandinho Beira Mar e Juan Carlos Abadia". "Ele vivia nas sombras, oculto, usando nome falso e nunca foi preso e por isso era uma lenda. Fizemos uma operação minuciosa e muito detalhada", investigando "comparsas na Europa e Estados Unidos", afirmou.
O delegado apontou ainda que Luiz Carlos "era considerado embaixador do tráfico, tinha bom relacionamento com todos. Não tinha no seu modus operandi a violência como prática, mas sim os contatos e a negociação. Por isso teve essa longevidade no tráfico de drogas devido ao fato de ter compatibilidade com todas as facções" "porque não entrava em confronto com nenhuma. Ele possuía uma estrutura absurda… Paraguai, Bolívia, Colômbia, Peru, Panamá… ele tinha uma força absurda no tráfico de drogas", acrescentou.
A Polícia Federal confirmou que "ele usava modal aéreo para transportar drogas da Bolívia, Peri e Colômbia" e "desciam para fazendas no Mato Grosso e dali eram levadas de caminhões para São Paulo (Araraquara e Cotia)" com destinos seguintes para São Paulo, Rio de Janeiro e no exterior. "A estimativa é que ele colocava mensalmente no solo brasileiro ou exportação em média de 3 a 5 toneladas/mês", acrescentou o delegado Elvis.
Durante a operação foram apreendidos 1,5 tonelada de drogas em fundos falsos de duas carretas em Mato Grosso (uma delas em Nova Mutum) e em um depósito em São Paulo.