As Polícias Civil e Militar anunciaram, há pouco, em entrevista coletiva que os latrocidas do acadêmico de medicina, Eric Francio Severo, 21 anos, planejaram o crime. O coronel Celso Barbosa mencionou que há indícios deles tentarem mostrar uma certa ingenuidade "quando foram presos, porém, nossa percepção policial sugere que eles já tinham uma certa experiência. O roubo foi arquitetado, não foi ao acaso. Eles tiveram participações de várias pessoas, que talvez auxiliaram sem saber. Esta será uma das linhas de investigação, pois temos algumas circunstâncias que apontam para isso".
O delegado da Polícia Civil, Sérgio Ribeiro, disse que Márcio Marciano Batista, 30 anos, e Rafael Bruno dos Santos Mussuco, 25, anos, presos em Campo Grande (MS) não têm antecedentes criminais. Ele confirmou que os envolvidos trabalhavam como seguranças em bares e danceterias, o que pode apontar outra linha de investigação. "Ainda precisamos checar, mas a princípio eles não têm registros criminais. Eles prestavam serviços para estabelecimentos comerciais e, algumas vezes, funcionários de empresas de segurança têm sido envolvidos, não como autores, mas passando informações para outros praticarem o crime. Não há, entretanto, uma prova de que isso seja sistemático. O que é certo é que, mesmo que neste caso os dois não tenham passagens, um crime muito grave foi praticado e eu acho difícil um indivíduo começar com um latrocínio", apontou Ribeiro.
O delegado se disse "temeroso" que haja um possível "recrutamento" de pessoas em Sinop por quadrilhas "fortes" de outros Estados, entretanto, não confirmou a hipótese neste caso específico que pode ser "outro caminho para investigar". Sergio Ribeiro ainda desabafou com as prováveis penas para os culpados pela morte de Eric. " No Brasil são muito brandas. Temos que rever esta situação para proteger o cidadão. A partir do momento que a impunidade se torna uma regra, o indivíduo se sente a vontade para praticar crime. Eu acho um absurdo. Acho que pena para este tipo de crime tinha que ser prisão perpétua. Era um jovem promissor que começava a universidade aí vem um indivíduo que, apenas para pegar o veículo, tira a vida dele. Nosso país precisa mudar. Precisa valorizar o cidadão honesto. Criminoso não é coitadinho. Ele tem que ficar atrás das grades o maior tempo possível".
Conforme Só Notícias já informou, o corpo do acadêmico foi encontrado hoje à tarde, em uma mata às margens de uma estrada (próximo da BR-163) no município de Lucas do Rio Verde. Ele foi assaltado em Sinop, ontem de madrugada, e executado pelos dois latrocidas, que foram presos, neste sábado à tarde, em Campo Grande (MS), com a caminhonete S-10, branca, do pai de Eric, o advogado e jornalista Leonildo Severo.
Peritos da Politec fizeram os procedimentos e liberaram corpo. Eric foi trasladado para Sinop, onde será sepultado nesta segunda-feira pela manhã. O velório será na Luz e Vida.
Eric era jovem calmo e não teria reagido ao assalto. Ele foi dominado quando saía de um bar, na área central da cidade. Os pais estranharam que ele estava demorando para retornar e, às 4hs, começaram a procurá-lo. Acredita-se que Marcio e Rafael tenham dominado Eric por volta das 3hs. Antes de ir ao bar com dois amigos, ele havia jantado com os pais, irmão e demais familiares. Cada um foi ao seu carro e iriam para casa. Mas Eric foi dominado pelos criminosos e, ao que tudo indica, seu celular foi desligado. Familiares e amigos fizeram busca incessante durante todo o sábado. Ainda pela manhã, foi registrada ocorrência policial sobre seu desaparecimento e percorridos hospitais e unidades de saúde. Nas rede sociais, o caso foi relatado com pedidos de informações sobre seu paradeiro.
PM e Polícia Civil de Sinop fizeram buscas. Ontem, no final da tarde, a Polícia Rodoviária Federal em Campo Grande parou a S-10 e logo constatou que era o veículo de Leonildo Severo. Marcio e Rafael foram presos e apreendeu um revólver, 11 munições e uma corda. Eles, inicialmente, confessaram o roubo mas não falaram o que fizeram com Eric Francio Severo. À noite é que confessaram aos policiais que deixaram ele na estrada rural e foi dado tiro em sua cabeça. Eles disseram para a polícia sul-mato-grossense que iriam levar o veículo para o Paraguai, onde seria vendido, e que o roubo foi encomendado por presidiários em São Paulo – versão que está sendo apurada.
As buscas iniciaram ainda hoje de madrugada e foram intensas por parte de policiais civis, militares, rodoviários federais, bombeiros e voluntários.
Eric cursava o segundo ano de medicina e chegou há poucos dias em Sinop para passar férias com pais, avós, tios e demais familiares.
(Atualizada às 09:18hs em 29/12 – Latrocidas Marcio e Rafael – foto: Campo Grande News)