Um princípio de motim quebrou a rotina da cadeia pública de Rondonópolis, ontem. O movimento foi liderado pelas detentas, que querem a permanência do diretor Edson Martins de Oliveira. Ele foi exonerado do cargo. As presas começaram o protesto pela manhã, quando chegou a alimentação. Elas se recusaram a comer e começaram a bater nas celas, cobrando a presença do juiz corregedor dos presídios e da Vara de Execuções Penais, Wladimir Perri, e também da presidente do Conselho Municipal de Defesa da Mulher, Sandra Raquel Mendes.
As 84 detentas das sete celas femininas existentes na unidade, assumiram o "balanço da cadeia", atearam fogo em colchões e aproveitaram a ocasião para reclamar da qualidade da alimentação.
Elas exigiam ainda a remoção dos homens para o novo anexo da Mata Grande, bem como a imediata transformação da unidade em presídio exclusivamente feminino, com reforma nas instalações e melhores acomodações para as detentas gestantes. Durante o motim, os 173 homens que estão recolhidos da unidade não se envolveram no manifesto das mulheres. Conforme a direção, ontem a Cadeia Pública estava com 257 presos entre homens e mulheres. A sua capacidade é para 240.
Duas situações teriam motivado as presas a se amotinarem na Cadeia Pública: a notícia da exoneração do diretor Edson Martins e a suposta saída da agente prisional e chefe de disciplina Marlene de Souza.
A nova diretora nomeada para assumir a unidade é a também agente prisional Bernadete Gonçalves Leão Saggin, que estava lotada há dois anos na Delegacia Especializada do Adolescente.
Tudo indica que o motim não foi uma retaliação à chegada da nova diretora, mas apenas uma reivindicação para a permanência do diretor Edson e da chefe de disciplina Marlene.
Pelo que se apurou, um outro episódio também teria contribuído para o motim, qual seja a notícia da exoneração da presidente do Conselho da Mulher, Sandra Raquel, do cargo que ela exercia na prefeitura.
As presas achavam, de maneira equivocada, que Sandra Raquel tivesse sido afastada do Conselho e não iria mais trabalhar pelos seus interesses, e por isso, também protestaram. Desfeito o equívoco da informação e com chegada à Cadeia, por volta das 15h, do juiz corregedor Wladimir Perri, o diálogo com as detentas começou e em poucos minutos foi posto fim ao protesto e restabelecida a ordem na unidade sem maiores danos. Policiais Militares armados faziam a guarda da unidade para evitar que a situação saísse do controle. O comandante do 5º BPM, major Vanilton Fixina, comandou pessoalmente as negociações.