Os agentes prisionais que estão em greve pelo cumprimento da lei orgânica da categoria, desde o início da semana, realizaram ontem uma passeata pelas ruas do centro de Rondonópolis, saindo da Praça Brasil e chegando até o Cais. Além de cobrar as reivindicações, eles também denunciaram ameaças e perseguição por parte da direção da Mata Grande. Enquanto estavam na concentração na Praça Brasil, a sindicalista Izaura Gabriela falou com a imprensa e questionou a falta de interesse do Governo do Estado em estar resolvendo a questão da aplicação da Lei Orgânica dos agentes. “O Governo do Estado, até agora, não sentou para conversar conosco. Os secretários de Estado responsáveis pela questão ainda não chegaram a um parecer técnico sobre o caso, não estão colocando na mesa de discussão a questão do porte de arma, a insalubridade, o adicional noturno, a estabilidade trabalhista, a estrutura de trabalho, isso é a lei orgânica! Se nem isso eles querem colocar na mesa, não tem como a gente sentar para conversar”, avisou a sindicalista.
A explicação, segundo a agente prisional, é que o governo alega não ter dotação para arcar com a implementação dessa infraestrutura. “Então, nós queremos que o governo aprove pelo menos 50% da lei orgânica. Caso isso não aconteça, não vamos flexibilizar e vamos manter a greve”, garante Izaura.
A sindicalista contesta a informação, partida da própria Secretaria de Segurança Pública, de que a segurança estaria garantida em Rondonópolis, pois segundo ela, muitos policiais ainda estariam aquartelados (sob o regime disciplinar) e são eles que fazem a segurança das unidades prisionais locais. “Por isso, existe risco de motim e de rebelião, bem como de mais assaltos na cidade e na região como teve agora no Banco do Brasil em Paranatinga. Então, a estrutura vai estar mais fragilizada próximo ao Natal”.
A agente prisional denuncia ainda que estaria havendo perseguição e retaliações por parte da administração da Penitenciária Regional da Mata Grande, que estaria ameaçando punir e processar administrativamente quem aderir à greve. “Existem ameaças, inclusive de transferir agentes prisionais que participarem do movimento de greve, que é legal e legítimo”, afirma. Conforme os manifestantes, muitos agentes não participaram do protesto de ontem por medo de represálias.
Conforme Izaura Gabriela, a orientação do sindicato da categoria em Cuiabá é para que todo e qualquer agente que for ameaçado, por quem quer que seja, que registre Boletim de Ocorrência por perseguição trabalhista. Até sexta feira (4), pelo menos quatro agentes já teriam feito queixa na polícia em Rondonópolis. A reportagem tentou manter contato com a direção da Mata Grande para que a mesma se manifestasse, mas não conseguiu.