Uma modalidade criminosa de roubo a bancos que vinha se fortalecendo em vários estados foi desarticulada, ontem, em ação conjunta do Grupo Armado de Repressão a Roubos, Assaltos e Sequestros (Garras), da Polícia Civil de Mato Grosso do Sul e a Gerência de Combate ao Crime Organizado (GCCO), da Polícia Judiciária Civil de Mato Grosso.
O grupo usava guarda-sol preto para se esconder das câmeras de vigilância e driblar o sensor de presença das agências bancárias, invadidas sempre aos finais de semana e no período noturno. A quadrilha quebrava paredes a marretadas e abria o cofre com maçarico ou outras ferramentas como furadeiras de alta pressão.
Mais de dez integrantes da quadrilha que atuava em Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Paraná foram presos. Cinco deles com residência em Cuiabá e daqui articulavam roubos aos bancos em várias localidades. Os cinco mato-grossenses pertencem a uma única família, quatro são irmãos e uma das presas é esposa de um dos acusados.
Ontem, policiais do GCCO realizaram buscas na residência da quadrilha, localizada em uma chácara na estrada do Distrito de Nossa Senhora da Guia, em Cuiabá, mas o grupo acabou preso em Mato Grosso.
O delegado chefe da Gerência de Combate ao Crime Organizado, Flávio Henrique Stringueta, confirmou invasões em oito agências bancárias de Mato Grosso, das quais em quatro os furtos foram consumados e outras quatro ficaram na tentativa. Em Cuiabá o grupo atacou agências do Banco do Brasil da Avenida da Feb, em Várzea Grande, Prainha e Fernando Correa da Costa. Na agência do município de Nova Olímpia a quadrilha furtou R$ 120 mil e Rosário Oeste levou R$ 35 mil. "Começamos a observar essa ação em janeiro deste ano. É uma quadrilha com raízes aqui que atua em outros estados", destacou Stringueta.
Para o delegado a modalidade criminosa é diferenciada, mas gera lucro tão ou maior que as ações do "novo cangaço". "É um crime cuja pena é inferior ao ‘novo cangaço", que oferece menos risco a quadrilha, que se presa permanece por um tempo reduzido na cadeia", observou o delegado.
O delegado Flávio Stringueta informou ainda que quadrilha era investigada pelo GCCO, em arrombamentos de caixas eletrônicos, no entanto foi a partir de informações do Garras de Mato Grosso do Sul, que foram identificados nos furtos as agências com o uso do guarda-sol. "Eles estavam com as investigações mais avançadas e nos auxiliaram aqui", disse.
Em Mato Grosso do Sul a quadrilha furtou agências de Campo Grande e Alvorada do Sul. Em um dos furtos um integrante deixou uma impressão digital que foi possível chegar a um suspeito, natural de Maringá (PR) e que já havia sido preso em Cafelândia (PR), por furto em banco praticado como o mesmo "modus operandis". Na ocasião, a Polícia do Paraná prendeu 13 membros do grupo criminoso.
Os assaltantes de Mato Grosso entram na investigação, quando a polícia encontrou um comprovante de uma loja de departamentos que relacionava a compra de guarda-sol, chaves de fendas e uma furadeira de pressão. O ticket foi deixado pelo grupo no furto da agência bancária de Alvorada do Sul, em Mato Grosso do Sul, de onde levaram R$ 70 mil. Os produtos foram pagos em cartão de crédito de um dos acusados e que havia emprestado o cartão para os irmãos.
O delegado Flávio Stringueta disse que a Polícia Civil a partir de agora vai aprofundar as investigações para identificar outros membros envolvidos e indiciar a quadrilhas nos crimes praticados no Estado de Mato Grosso.