Pelo menos 7 pessoas foram vítimas da quadrilha chefiada pelo presidiário Robson José Pereira de Araújo, 24, que praticava crimes de roubo de veículos e extorsão. Ele comandava as ações de dentro da Penitenciária Central do Estado.
A Polícia chegou até ele após a detenção de 3 adolescentes que intermediavam o recebimento do "resgate". O pagamento era feito em diferentes pontos de Várzea Grande. Elas esperavam as vítimas nos locais combinados e pegavam o dinheiro, que variava de R$ 1 mil a R$ 2 mil para motos e de R$ 2 mil a R$ 5 mil para carros. Em troca, recebiam de R$ 100 a R$ 200.
Segundo o delegado Silas Tadeu Caldeiras, da Delegacia de Roubos e Furtos de Veículos, o objetivo das investigações é identificar os outros envolvidos nos crimes. "Alguns integrantes eram responsáveis pela prática dos roubos e de repassar os dados das vítimas a Robson, que ligava e extorquia os proprietários, sob ameaças".Robson estava preso pelo crime de latrocínio.
As adolescentes revelaram que houve casos em que as vítimas pagaram o resgate e nunca receberam o veículo. Os criminosos utilizavam as informações dos carros ou motos furtados ou roubados e entravam em contato com os proprietários pedindo dinheiro para devolvê-los. Tudo isso sem saber onde o veículo estava. "Eles marcavam com a vítima em um local e ficavam monitorando para saber se ela estava sozinha. Depois que entregavam o dinheiro, elas eram informadas que receberiam uma ligação para saber onde deveriam pegar o automóvel ou moto".
A Polícia vai pedir quebra de sigilo telefônico do número que Robson utilizava para comandar as ações para identificar os outros envolvidos.
O que mais impressiona, segundo Caldeiras, é a atitude das pessoas. Estatísticas da delegacia apontam que cerca de 60% dos veículos roubados são para extorsão e, a maioria das vítimas, paga o valor cobrado sem comunicar à Polícia.
Em junho, foram registrados 243 roubos de carros e motos. Somente motos foram 163, sendo 73 em Cuiabá e 90 em Várzea Grande. Destas, 77 foram recuperadas, a maioria pelos próprios donos, que preferem pagar um resgate para ter o bem de volta.
"As pessoas pagam e vem aqui só registrar que recuperaram a moto. Muitas nem contam que fizeram o pagamento e dizem que encontraram o veículo abandonado em algum lugar".
Isso ocorre porque, conforme o delegado, as pessoas ficam amedrontadas com as ameaças. Uma vítima, que não quis se identificar, procurou a delegacia para relatar que recuperou a moto, avaliada em R$ 5 mil, após pagar R$ 2 mil aos bandidos.