O superintendente da Polícia Federal em Mato Grosso, Aldair da Rocha, confirmou
as investigações nos esquemas de venda de guias para extração ilegal de madeira em Mato Grosso começaram em setembro de 2004, a pedido do Ibama.
Um dos esquemas baseados no Ibama de Mato Grosso envolvia a venda de documentos ATPFs (Autorização para Transporte de Produtos Florestais). Os funcionários vendiam as guias em branco por R$ 1.000 a despachantes, afirmou o delegado Tardelli Boaventura.
Esses despachantes ou lobistas emitiam, por R$ 2.000, o documento em nome de 431 madeireiras fantasmas –que operavam, dentro do esquema, como fornecedoras das madeireiras responsáveis pelo desmatamento ilegal.
As ATPFs serviam para as empresas comprovarem a origem da madeira. O procurador da República em Cuiabá, Mário Lúcio Avelar, disse que as árvores eram cortadas ilegalmente em terras da União e áreas indígenas em municípios localizados no norte do Estado de Mato Grosso.
Barros anunciou ontem uma intervenção no Ibama no Estado por dois meses. Foi nomeado como interventor o procurador da AGU (Advocacia Geral da União) Elielson Ayres de Souza. A emissão de ATPFs foi suspensa por um período de 30 dias.
Ainda segundo Barros, o Ibama entrará com uma ação civil pública contra a Fema para impedir o desmatamento de 50% das propriedades em florestas de transição. A Fema considera que a reserva legal de mata nessas áreas é de 50%, pois elas seriam “savana”; para o governo, elas são floresta, onde vale a reserva de 80%.
Para as organizações não-governamentais ambientalistas, a ação da PF expõe a fragilidade e a corrupção nos órgãos ambientais da Amazônia. “A corrupção envolvendo madeireiros e funcionários públicos em Mato Grosso não é um caso isolado. A Polícia Federal e o Ibama devem estender esse tipo de investigação para outros Estados, onde o desmatamento ilegal também ocorre impunemente, principalmente no Pará e em Rondônia”, disse o coordenador da Campanha Amazônia do Greenpeace, Paulo Adario.