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Polícia descobre últimas ligações de estudante encontrada morta em Chapada

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A estudante Eiko Nayara Uemura, 23, ligou diversas vezes para o amante Sebastião Carlos Araújo Prado na terça-feira, um dia antes do corpo dela ser encontrado no Portão do Inferno, em Chapada dos Guimarães. No dia da morte, foram pelos menos 6 ligações entre às 18h e 21h. Segundo ele, a jovem aparentava estar nervosa. A última ligação foi às 21h05 e foi atendida pela esposa do advogado que passou o telefone para ele, quando Eiko teria dado indícios de que cometeria suicídio. "Ela disse "já estou chegando ao lugar onde eu quero"", relata o advogado de Prado, Ulisses Rabaneda. Neste momento, Prado garante que estava em Cuiabá e suspeita que a jovem já estivesse próximo do local da morte. Pessoalmente, o casal teria se encontrado pela última vez no domingo (26) para ir a um parque caminhar.

Responsável pelo inquérito que apura a morte de Eiko, o delegado João Bosco Ribeiro vai pedir a quebra de sigilo telefônico do amante da estudante e ouvirá hoje a esposa de Prado, que na época acreditava que a jovem era apenas uma cliente do seu marido.

A tarde de interrogatório de Prado na Delegacia Municipal de Chapada dos Guimarães foi tumultuada e marcada por questionamentos, embora o advogado tenha mudado a versão dada anteriormente. Ontem ele confirmou o relacionamento amoroso com a jovem e esclareceu pontos que estavam pendentes. Disse que antes negou o caso para preservar a família dele.

Ele devolveu as joias que haviam sido dadas por Eiko. O fato, porém, foi questionado pela prima da jovem, Gisselma Uemura, filha do empresário Júlio Uemura, com quem a vítima morava em Cuiabá. A prima foi até a delegacia fazer o reconhecimento do material e disse que as 16 peças entregues à polícia, entre elas um relógio Rolex, diversas gargantilhas, anéis e pulseiras, representam apenas 30% do total que sumiu do cofre da família. Ela afirma que entre os objetos desaparecidos estão outro Rolex e diversas joias "mais pesadas e mais valiosas".

Além disso, enquanto o advogado afirma que as joias estavam guardadas em sua casa desde o início de abril, Gisselma aponta que o relógio apresentado à polícia foi levado de sua residência no dia 27 de abril, 2 dias antes do corpo ser encontrado. Uma empregada da casa assumiu ter sido cúmplice do furto, dando suporte para Eiko retirar os objetos do cofre. Segundo a mesma funcionária, os objetos teriam sido retirados do local em 2 datas diferentes, sendo que na primeira vez Eiko teria dito para ela que o namorado afirmou que a quantidade "não era suficiente para a fuga" e precisava de mais.

Estas joias teriam sido levadas para a residência de Gisselma após o sequestro de bens de Júlio Uemura, após a operação "Gafanhoto". Segundo Gisselma, apenas ela e Eiko sabiam onde as peças valiosas estavam guardadas e tinham acesso a elas. "Mas por que a família prestou queixa quanto o roubo dessas joias apenas após a morte? Ninguém usou joias durante um mês para sentir falta delas?", questiona Rabaneda.

Em depoimento na segunda-feira ao Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), Prado afirmou que Eiko entregou a ele as peças porque sabia que o namorado pertencia a uma família de joalheiros em São Paulo e queria que elas fossem avaliadas. Rabaneda afirma também que ela "não tinha dinheiro para nada" e que o dinheiro que conseguiria com as joias seria para sair do Estado sozinha.

No entanto, Eiko foi denunciada como "laranja" no esquema que era comandado por Júlio Uemura, desmantelado durante a operação "Gafanhoto", em março, e que segundo a denúncia teria recebido na sua conta bancária R$ 7 milhões. A informação da quantia, porém, tanto o advogado quanto a família dizem desconhecer.

Rabaneda assegura ainda que seu cliente e Eiko não tinham um relacionamento fixo e que ela se envolvia com outros homens e nega a notícia de que Prado terminou o romance na véspera da morte. Também nega que os 2 planejavam fugir.

Nora de Júlio Uemura, Rosedei Taques Uemura diz o contrário. Segundo ela, amigas relataram que Eiko chorou muito na terça-feira (28) porque o namorado havia terminado o romance. Tanto ela quanto a prima afirmam desconhecer o relacionamento com o advogado e não notaram mudança no comportamento dela.

Para o delegado João Bosco, o término do namoro foi o motivador para um suposto suicídio, mas também não descarta a tese de homicídio. Segundo ele, apenas o laudo pericial vai dizer se Eiko se jogou ou foi arremessada do Portão do Inferno, chegando ao chão com ou sem vida, já que ao lado do corpo não haviam marcas de sangue. "Ou a empregada está mentindo ou ele", afirma o delegado, que acredita que a quebra do sigilo telefônico possa esclarecer muitas dúvidas neste caso.

Quanto a procuração pela qual Eiko tentou transmitir amplos e irrestritos poderes ao amante para gerir os negócios, Rabaneda justifica que a jovem chegou a solicitar que Prado a representasse no processo no qual foi indiciada por participação na quadrilha do tio porque "tinha receios da defesa feita pelo advogado da família". Após a operação "Gafanhoto" ela teria passado a fazer consultas ao amante sobre o caso.

 

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