A Polícia Civil de Mato Grosso resgatou, ontem, um bebê de aproximadamente um mês de vida, que possivelmente seria negociado, na Bolívia, no caso popularmente conhecido como “adoção à brasileira”. A mãe biológica e a mulher que ficou com a criança já foram identificadas e estão sendo procuradas.
A Gerência de Combate ao Crime Organizado (GCCO) iniciou as investigações em 23 de abril, ao receber denúncia que a suspeita estava mantendo uma mulher grávida e deficiente auditiva em cárcere privado com o intuito de ficar com a criança. O bebê seria encaminhado para a Bolívia, onde possivelmente seria negociado.
A polícia descobriu que a criança nasceu em um hospital maternidade em Cuiabá e que, no momento de ter o bebê, ao invés de entregar os seus documentos, a grávida entregou a identidade da suspeita para, posteriormente, facilitar o registro da criança. O menino nasceu no dia 20 de abril e foi entregue para a suspeita.
No período em que ficou no hospital, o que chamou a atenção dos médicos e enfermeiros, foi o fato de a mãe ser deficiente auditiva, o que dificultava a sua comunicação com os profissionais do hospital. A grávida utilizava aparelho de audição e os servidores do hospital tinham que tirar a máscara para que ela fizesse a leitura labial, informa a Polícia Civil.
Esse foi um ponto fundamental para as investigações, pois quando os investigadores identificaram a pessoa que constava no documento entregue no hospital (RG da suspeita), descobriram que ela não possuía deficiência auditiva, se tratando claramente de outra pessoa. Na última segunda-feira, os policiais realizavam diligências para localizar a suspeita, porém ela entregou a criança para irmã e fugiu não sendo mais localizada. O bebê foi encontrado com a irmã da investigada, que foi ouvida como testemunha e confirmou as informações apuradas pelos policiais.
A suspeita responderá pelo crime de “Parto Suposto”, previsto no artigo 242, do Código Penal, popularmente conhecido como “Adoção à Brasileira”, que é quando o autor dá como seu o parto de outra pessoa.
Segundo o delegado Vitor Hugo Bruzulato Teixeira, as investigações continuam para a verificação de outras condutas penais, uma vez que há informações que a grávida sofreu tortura, cárcere privado enquanto estava gestante e também para descobrir qual era a real intenção em relação à criança.
“O que chamou atenção e levou a GCCO assumir a investigação foi a possibilidade de crimes mais graves, envolvendo um esquema criminoso instalado em Mato Grosso, para negociação de recém-nascidos. Há informações sobre um grupo em rede social que faz a negociação dessas crianças, em que há mulheres interessadas na entrega dos bebês logo após o nascimento para adoção, sem os devidos tramites legais”, disse o delegado.
O delegado representou pela prisão da suspeita e a cópia do procedimento foi encaminhada para a Delegacia Especializada de Direitos da Criança e do Adolescente que atuará junto à GCCO nas investigações, informa a assessoria da Polícia Civil.