A Polícia Judiciária Civil deflagrou, esta manhã, a 3ª fase da operação “Etanol”, para cumprimento de 50 ordens judiciais, sendo 46 mandados de busca e apreensão e 4 de prisão nos Estados de Mato Grosso, Goiás, Rondônia, Minas Gerais, Paraná e São Paulo.
A investigação, conduzida pela delegacia de Campo Novo dos Parecis (396 km de Cuiabá), apura desvios de cerca de R$ 28 milhões da cooperativa de produtores de álcool e cana-de-açúcar, a Coprodia. A cooperativa tem 46 cooperados, divididos em 19 famílias, quase todas moradoras de Campo Novo, e constitui importante fonte de renda e emprego na cidade.
Na fase atual da operação, três ex-funcionários da cooperativa e a pessoa responsável pela abertura de empresas de fachadas para lavar o dinheiro estão com ordens de prisão decretadas. Alguns têm mais de um domicílio e serão notificados nas cidades ou estados que forem encontrados. Outros endereços (residências e empresas fantasma) serão alvos de busca e apreensão de materiais comprobatórios à investigação.
Em Mato Grosso, são cumpridos mandados de prisão e buscas nas cidades de Cuiabá (12), Várzea Grande (1), Araputanga (3), Campo Novo dos Parecis (7), Tangará da Serra (5), Santo Antônio do Leverger (1), Sapezal (2), Sinop (1), Porto Espiridião (2) Primavera do Leste (3) e Jaciara (1).
No Estado de Goiás, dois mandados de busca e apreensão são cumpridos em Goiânia. No Paraná, serão realizadas buscas nas cidades de Ponta Grossa (2) e Tibagi (1). Em São Paulo, os endereços estão localizados nas cidades de Marília (1), Ribeirão Preto (1), Mogi Mirim (1) e São Paulo (6). Em Minas Gerais, serão duas buscas nas cidades de Ituiutaba (1) e Juiz de Fora (1). No Estado de Rondônia, será cumprido um mandado de busca na cidade de Cacoal.
O delegado que preside a investigação, Adil Pinheiro de Paula, informou que o objetivo da nova fase da operação é arrecadar elementos e apreender documentos fiscais e contábeis que comprovem a movimentação financeira já detectada e investigada pela Polícia Civil, em parceria com o Ministério Público.
“Esses mandados irão ajudar a comprovar que muitas das empresas que forneceram notas fiscais à cooperativa, na verdade, não existem, eram empresas fantasmas”, disse o delegado, por meio da assessoria.
A operação conta com apoio das delegacias da Diretoria de Atividades Especiais (DRE, GCCO, GOE, DEFAZ), delegacias da Diretoria de Interior, Diretoria de Inteligência e das Polícias Civis dos Estados de Goiás, Rondônia, Minas Gerais, Paraná e São Paulo. O efetivo empregado é de 166 policiais civis, entre delegados, escrivães e investigadores.
A 1ª fase da operação foi deflagrada em julho do ano passado, em cumprimento de decisão judicial da 2ª Vara da Comarca de Campo Novo do Parecis, com parecer positivo do Ministério Público, para bloqueio dos bens de um dos chefes do esquema criminoso.
Foram bloqueados 15 imóveis em Campo Novo dos Parecis, 7 bens localizados em Juína, Cuiabá e Paraná, além de recursos financeiros, automóveis e gado, demonstrando o enriquecimento ilícito do suspeito.
O ex-diretor financeiro da cooperativa foi preso na 2ª fase, em junho desse ano, após a Polícia Civil descobrir, que mesmo sendo monitorado por tornozeleira eletrônica, ele continuou movimentando dinheiro da cooperativa. Entre o final de 2017 e começo deste ano, foram cerca de R$ 1 milhão – ato que estava expressamente proibido por determinação judicial.
Segundo a investigação, o chefe da organização criminosa, é o elo entre as empresas (fantasmas) que forneciam as notas falsas de prestação de serviço e o dinheiro da cooperativa. Ele também ficava com a maior parte do dinheiro desviado.
“Encontramos provas da movimentação de milhões de reais em curto espaço de tempo. Aquisição de muitos imóveis, rurais e urbanos, além de automóveis, contratos de aluguel, anotações sobre a construção e imóveis com gastos na casa de centenas de milhares de reais”, disse Adil Pinheiro.