O deputado estadual José Carlos de Freitas (PFL) é um dos responsáveis pela “Tragédia da Feicovag”, acidente ocorrido no dia 14 de maio, durante a realização da Feira Industrial e Comercial de Várzea Grande. Na ocasião, a arquibancada instalada no arena de show ruiu com mais de 600 pessoas. Dessas, 381 ficaram feridas. Freitas é o principal promotor do evento, embora seu nome não figure como proprietário da Industrial Eventos, empresa que está em nome de seu filho e de seu motorista.
O nome do deputado consta do inquérito policial presidido pelo delegado Elias Daher, encarregado do caso, e será remetido para o Fórum Criminal. Posteriormente, o Ministério Público deverá oferecer denúncia. O processo vai depois para a Assembléia Legislativa, ao qual será solicitada autorização para processar o parlamentar – que goza de foro privilegiado. Caso os deputados aprovem o pedido, o processo vai para o Tribunal de Justiça.
Além do deputado, são acusados como responsáveis pela tragédia Jackson Kohlhze, filho do parlamentar; Anísio da Silva Freitas, o motorista; Nilmo Aparecido Garcia, responsável pela montagem da arquibancada; e, Ricardo Maldonado de Céspedes, apontado no inquérito como engenheiro responsável. Também foi indiciado Rodrigo Batista da Silva, assessor do parlamentar, por falso testemunho. Ao todo, foram ouvidas 182 pessoas. Oficialmente, o numero de feridos foi de 381. O inquérito contem 9 volumes, mais os anexos.
“Eu acredito que a parte criminal não vai acabar em pizza” – opinou o delegado, ao apresentar nesta segunda-feira o resultado das investigações. Os envolvidos diretamente na organização da Feicovag foram enquadrados no Artigo 256 do Código Penal, que prevê pena de 1 a 4 anos.
E não é para menos. A perícia constatou irregularidades sobre irregularidades. Começando pela base: o terreno onde foi instalada a arquibancada estava mal compactado. Havia uma parte podre nas ferragens de armação. Os peritos descobriram que havia um desnível de 92 centímetros de uma ponta da arquibancada para outra, o que ajudou na queda em função do peso. As tábuas usadas para base de assento foram relatadas no inquérito como sendo de péssimas condições.
O delegado Elias Daher observou ainda que as tubulações usadas na montagem da arquibacada – que acabou indo ao chão – estavam com mais de 10 anos de uso. Havia falta de alinhamento e plumo. “Essa arquibancada estava próxima de cair. Já poderia ter causado uma tragédia antes” – ele observou.
A tragédia, contudo, poderia ser ainda maior, de acordo com o graduado policial. Por baixo da arquibancada que ruiu havia um fio de energia elétrica. De acordo com o delegado, o contato do fio com o metal poderia fazer com que muitas pessoas fossem eletrocultadas. Detalhe observado pelo delegado: tanto o Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura (Crea) como o Corpo de Bombeiros estiveram no local fazendo inspeção. Os Bombeiros emitiram um laudo condenando as arquibancadas.