Depois de ficar uma semana refugiada em Brasília, sob proteção da ministra Maria do Rosário, da Secretaria de Direitos Humanos, a prefeita de Rondolândia (1,6 mil quilômetros de Cuiabá), Bett Sabah Marinho da Silva (PT), conseguiu ser ouvida pelo delegado Flávio Henrique Stringuetta, da Gerência de Combate ao Crime Organizado (GCCO), em Cuiabá, nesta terça-feira (25). A GCCO foi designada para auxiliar nas investigações sobre as ameaças de morte que a petista e sua família tem sofrido há pelo menos dez meses. Ela denunciou que um ‘emissário’, a mando de alguém, fez chegar ao seu gabinete que sua ‘cabeça’ estava a prêmio por R$ 130 mil e que uma motocicleta e armas já teriam sido compradas para executá-la.
Sabah também conseguiu proteção policial e pretende retornar para sua região hoje. Essa proteção foi proporcionada por forças de segurança federal, com apoio da cúpula estadual, que até então vinha ignorando os apelos da gestora. Detalhes sobre a escolta não são revelados por estratégia de segurança. Ela não confirma, mas existem suspeitas de que as ameaças tenham ligação com grupos políticos rivais. Bett venceu as eleições em 2012 por uma diferença de apenas três votos e o adversário derrotado tentou anular o pleito na Justiça Eleitoral, mas não conseguiu.
Uma investigação também foi aberta pela Polícia Civil para apurar a origem das ameaças, uma vez que o município de Rondolândia está localizado na divisa de Mato Grosso com Rondônia, uma das localidades mais violentas envolvendo trechos das regiões Centro-Oeste e Norte. Procurada, a Polícia Civil disse que a investigação já vinha sendo feita desde o dia 24 de janeiro, quando um boletim de ocorrência foi registrado pela prefeita. O delegado do caso é José Ricardo Garcia Júnior, da Delegacia Regional de Juína, que também é responsável por Rondolândia. Agora com os apelos da prefeita em Brasília, que despertou atenção inclusive da Câmara Federal, o GCCO reforçou as investigações.
Bett Sabah precisou retirar os dois filhos da cidade e também o marido. Depois recorreu a Brasília em busca da proteção que não encontrou em Mato Grosso. Ela também recebeu orientação da Polícia Federal e por precaução, não comenta mais sobre o assunto. Está seguindo as recomendações do serviço de proteção. Ela também foi ouvida por deputados que integram a Frente Parlamentar em Defesa dos Direitos Humanos na Câmara Federal. Eles disseram que pretendem fazer uma visita a Rondolândia para conhecer a realidade do município.
Em 2011, dois prefeitos foram executados a tiros em Mato Grosso. O primeiro, foi o de Novo Santo Antônio, Valdemir Antônio da Silva (PMDB), o Quatro Olhos, assassinado no dia 23 de julho. Um mês depois, no dia 5 de agosto, Antônio Luiz Cesar de Castro (DEM), o Luizão, então prefeito de Nova Canaã do Norte (699 km ao norte de Cuiabá) também foi morto a tiros. Em 2004, foi assassinado com um tiro na cabeça o candidato a prefeito de Lambari D’Oeste, Luiz Carlos Alves da Cruz. Ele foi morto quando saía de uma reunião política.