Quase mil páginas compõem o inquérito policial da operação “Mantus”, que foi finalizado, hoje, pela Polícia Civil e encaminhado ao Ministério Publico Estadual com o indiciamento de 33 integrantes de duas organizações criminosas investigadas por lavagem de dinheiro oriundo da contravenção penal do jogo do bicho.
De acordo com a Polícia Civil, em pouco mais de 1 ano, os dois grupos criminosos movimentaram mais de R$ 20 milhões em contas bancárias. Uma das organizações é liderada por João Arcanjo Ribeiro e seu genro Giovanni Zem Rodrigues. A segunda é chefiada por Frederico Muller Coutinho. Eles estão presos em cumprimento de mandados de prisão preventiva, desde a semana passada.
Os três e mais 30 pessoas foram indiciadas por organização criminosa, extorsão, extorsão mediante sequestro, lavagem de dinheiro e contravenção penal do jogo do bicho.
As investigações foram comandadas pela Delegacia Especializada de Fazenda e Crimes Contra a Administração Pública (Defaz) e da Gerência de Combate ao Crime Organizado (GCCO), ambas unidades da Diretoria de Atividades Especiais da Polícia Civil de Mato Grosso.
A operação deflagrada na quinta-feira passada (29), prendeu 29 pessoas, de um total de 33 mandados de prisão preventiva e 30 buscas e apreensão domiciliar. As ordens judiciais foram expedidas pelo juiz da 7ª Vara Criminal da Comarca de Cuiabá, Jorge Luiz Tadeu, para cumprimento nas cidades de Cuiabá, Várzea Grande, Sinop, Sorriso e outros 3 municípios de Mato Grosso, além Giovanni Zem preso no estado de São Paulo, no aeroporto internacional de Guarulhos, com apoio da Polícia Federal.
O delegado titular da Delegacia Fazendária, Anderson Veiga, pontuou a investigação como um dos maiores trabalhos realizados neste ano pela Polícia Civil, considerando o aparelhamento das forças de segurança, principalmente, no que diz respeito a inteligência, qualificação dos profissionais e aquisição de equipamentos. “Foi uma operação complexa que demandou muito tempo de investigação e importante porque culminou no desmantelamento de duas organizações criminosas do jogo do bicho, atuantes em Mato Grosso”, destacou, por meio da assessoria.
João Arcanjo Ribeiro foi interrogado, ontem, na sede da Gerência de Combate ao Crime Organizado (GCCO). Sob forte esquema de segurança ele foi retirado do Raio 5 da Penitenciária Central do Estado (PCE) até a GCCO, onde por mais de três horas foi questionado sobre diversos pontos da investigação.
Quando preso na operação, o bicheiro teve apreendido em sua casa R$ 201 mil, dinheiro que alegou estar declarado em seu imposto de renda e ser mantido no imóvel para despesas diárias.
Durante seu interrogatório, Arcanjo negou todos os questionamentos que lhe imputariam alguma responsabilidade criminal, como documentos apreendidos que o vinculam ao jogo do bicho. Esses documentos referem-se a uma grande apreensão ocorrida em 12 de julho de 2018, pela Gerência de Combate ao Crime Organizado (GCCO), no bairro Jardim Campos Elíseos, em Cuiabá. Foram 12 máquinas eletrônicas de apostas apreendidas, várias bobinas, tabelas do jogo do bicho, e outros materiais de aposta. Na ocasião duas pessoas foram detidas.