Mato Grosso registrou 40 ataques a caixas eletrônicos no primeiro semestre deste ano e os números são considerados estáveis em relação às investidas criminosas ocorridas nos últimos dois anos. Em 2011, o Estado fechou as estatísticas com 106 roubos e furtos a terminais de autoatendimentos com uso de maçarico e explosivos e no ano anterior, 2010, foram 118 arrombamentos de caixas.
Dos registros deste ano, a Polícia Judiciária Civil contabilizou 35 ataques a terminais com uso de artefato explosivos (emulsão) e apenas 5 arrombamentos utilizando como ferramenta o maçarico. Em agosto de 2011, o Estado de Mato Grosso passou a registrar os primeiros casos de ataques com explosivos, fechando com 38 terminais dinamitados naquele ano.
Dos arrombamentos de 2012, em 19 ocorrências (9 roubos e 10 furtos) os bandidos obtiveram êxito em levar o dinheiro. Em outras 21, os criminosos não conseguiram concluir o delito por imperícia dos próprios assaltantes no manuseio de explosivos e também graças à intervenção da polícia. Foram 15 tentativas de furtos e 6 tentativas de roubos no semestre.
A maioria dos arrombamentos ocorreu no começo da madrugada, horário de menor policiamento e movimento nas ruas. Em algumas ocorrências, os bandidos adotaram a modalidade “novo cangaço”, mas com menos poder de fogo. “A ideia que tinham no início era explodir o cofre central da agência, mas como havia pessoas próximas do banco, passaram para os caixas fazendo as pessoas reféns. É mais uma eventualidade”, analisa o delegado chefe da Gerência de Combate ao Crime Organizado (GCCO), Flávio Stringueta.
Stringueta lembra que o ano começou com números alarmantes de explosões de caixas eletrônicos, levando à Polícia a mudar a estratégia para tentar impedir a ação das quadrilhas. Uma das medidas de segurança foi adotada pelas agências bancárias por sugestão da própria Polícia Civil. “Tivemos um ‘boom” de ocorrências no mês de janeiro, começamos o ano pessimista, mas depois foi diminuindo”, disse o delegado.
Conforme Stringueta, a retirada de caixas eletrônicos de pontos vulneráveis e os abastecimentos com quantias menores em dinheiro, foram os motivos que fizeram com que os bandidos migrassem para outras regiões, pois os assaltos estavam pouco rentáveis no Estado. “Os bancos aumentaram a quantidade de abastecimento e diminuíram o volume de dinheiro. Antes faziam depósito uma vez por semana e colocavam uma grande soma em dinheiro”, explica. “Hoje os bancos abastecem mais vezes e colocam bem menos dinheiro. Então, para uma quadrilha com 8 assaltantes conseguir tirar 20, 30 mil reais do caixa, não compensa a operação criminosa”, observa o delegado.
Entre as estratégias da polícia de combate a modalidade criminosa estão investigações mais focadas na identificação e prisão dos líderes de quadrilhas e ações preventivas, como policiamento em locais onde os bandos estariam promovendo reuniões preparatórias, abordagem a suspeitos e condução à Delegacia para identificação. “Começamos a mostrar que sabíamos quem eles eram. Não tínhamos como prever e prende-los em flagrantes. Mudamos então a estratégia de evitar que os ataques acontecessem. Isso também ajudou”, afirma o delegado Flávio Stringueta.
Com a intensificação do trabalho de repressão, as quadrilhas migraram para estados com baixo índice criminal de ataques a caixas eletrônicos. Em pelo menos dez estados da federação, a Polícia Civil contabilizou prisões de criminosos de Mato Grosso. De acordo com levantamento do GCCO, ocorreram prisões de bandidos mato-grossenses nos Estados do Tocantins, Mato Grosso do Sul, Amazonas, Rondônia, Acre, Piauí, Maranhão, Bahia, Pará e Goiás.
Os Estados de Mato Grosso do Sul, Rondônia, Maranhão e Pará registraram o maior número de pessoas presas oriundas de Mato Grosso. “Foram os estados que a gente registrou o maior número de intervenções, de pessoas identificadas, que a gente conseguiu auxiliar de alguma forma na identificação dos criminosos com passagens aqui”, ressalta o chefe do GCCO, delegado Flávio Stringueta.