A Delegacia de Polícia Federal em Barra do Garças desencadeou hoje a Operação Madri, que resultou na prisão de 6 pessoas envolvidas com o aliciamento e o tráfico internacional de mulheres para fins de prostituição na Espanha. As ordens de prisão e de busca e apreensão foram expedidas pelo Juustiça Federal em Cuiabá.
A investigação sobre o aliciamento e o tráfico internacional de mulheres iniciou há cerca de 10 meses, a partir de depoimentos de vítimas e parentes de vítimas da organização criminosa prestados na Delegacia de Defesa da Mulher de Barra do Garças e na própria Delegacia de Polícia Federal.
A PF informa que o esquema criminoso, que, segundo a investigação, envolve uma organização internacional, cooptava mulheres em de Barra e nos municípios vizinhos, com a promessa de que as mesmas ganhariam bastante dinheiro pela realização de “programas” no exterior. As vítimas eram convencidas a se desfazerem de seus bens e a abandonarem suas famílias para se prostituírem na cidade de Madri. Os aliciadores antecipavam os valores necessários à retirada de passaportes, à compra das passagens aéreas e às demais despesas de viagem, como forma de incentivar o aliciamento.
A seleção das brasileiras aliciadas contava, inclusive, com um esquema que envolvia o uso da internet, onde as cooptadas postavam fotografias em páginas do “orkut”, as quais eram avaliadas por membros da organização criminosa visando à seleção daquelas consideradas mais bonitas.
Na Espanha as brasileiras aliciadas eram submetidas a uma situação de semi-escravidão, pois tinham seus passaportes retidos pelos proprietários de boates, eram obrigadas a se prostituírem para custear sua alimentação e estadia, além de serem coagidas a ressarcirem os custos relativos à viagem. Algumas conseguiram escapar e retornar ao Brasil. Outras sequer chegaram a ingressar na Espanha, tendo sido deportadas. A maioria, no entanto, lá permanece sob o domínio dos donos de boates.
Das seis prisões realizadas, quatro foram realizadas na cidade de Barra do Garças, responsáveis pelo aliciamento e seleção prévia das brasileiras. Uma agente de turismo na cidade de Pontalina (GO), responsável pela emissão das passagens aéreas utilizadas para o transporte das aliciadas, também foi detida.
O sexto preso foi um cidadão de nacionalidade espanhola, tido como o responsável pela escolha das brasileiras e por acompanhá-las do Brasil até os locais de prostituição na Espanha. Ele foi detido dentro de uma aeronave no aeroporto internacional de Goiânia, oportunidade em que estava acompanhado de três vítimas do esquema, todas procedentes de Barra do Garças, em um vôo que tinha como destino final a cidade de Madri.
Além das prisões, foram apreendidos diversos documentos que comprovariam a prática do crime, além de outras provas que podem revelar a identidade dos demais integrantes da organização.
As pessoas presas foram autuadas por tráfico internacional de pessoas e formação de quadrilha. Após o interrogatório todos serão encaminhados à Cadeia Pública de Barra do Garças, onde permanecerão à disposição da Justiça Federal.