A Polícia Federal deflagrou, há pouco, a operação Cupincha para cumprimento dois mandados de prisões preventivas em Cuiabá — sendo um deles contra o ex-secretário municipal de Saúde, Célio Rodrigues — e um em Curitiba, além de 13 de busca e apreensão, e sequestro de bens, direitos e valores. Essa é a segunda fase das ações investigativas que fazem parte Curare, que ocorreu no dia 30 de julho para diligências investigativas ostensivas, bem como de identificação e de constrição patrimonial, em decorrência de atos de corrupção e lavagem de capitais, envolvendo o desvio de recursos públicos destinados à saúde.
No apartamento de Célio, segundo a Gazeta Digital, foram apreendidos R$ 30 mil e policiais buscam prender outro envolvido, que reside em Cuiabá. Veículos também foram apreendidos no Paraná e no lago de manso, em Mato Grosso, uma lancha.
Como se apurou na primeira fase que um grupo empresarial, que fornece serviços à secretaria municipal de Saúde de Cuiabá e que recebeu, entre os anos de 2019 e 2021, mais de R$ 100 milhões, manteve-se à frente dos serviços públicos mediante o pagamento de vantagens indevidas, seja de forma direta ou por intermédio de empresas de consultoria, turismo ou até mesmo recém transformadas para o ramo da saúde.
Após o ingresso dos recursos nas contas das empresas intermediárias, muitas vezes com atividades econômicas incompatíveis, os valores passavam a ser movimentados, de forma fracionada, por meio de saques eletrônicos e cheques avulsos, de forma a tentar ocultar o real destinatário dos recursos.
A movimentação financeira também se dava nas contas bancárias de pessoas físicas, em geral vinculadas às empresas intermediárias, que se encarregavam de igualmente efetuar saques e emitir cheques, visando a dissimulação dos eventuais beneficiários.
Paralelamente, o grupo empresarial investigado na primeira fase da operação Curare promovia supostas “quarteirizações” de contratos administrativos, que viriam a beneficiar, em última instância, o servidor responsável pelas contratações com a secretaria municipal de Saúde e Empresa Cuiabana de Saúde Pública, incluindo o pagamento de suas despesas pessoais.
O nível de aproximação entre as atividades públicas e privadas dos investigados envolveu a aquisição de uma cervejaria artesanal, em que se associaram, de forma oculta, o então servidor público e o proprietário do grupo empresarial investigado.
Ontem, conforme Só Notícias já informou, ontem, o juiz Bruno D’Oliveira Marques, da Vara Especializada em Ação Civil Pública e Ação Popular em Cuiabá decidiu que o prefeito Emanuel Pinheiro (MDB) vai ficar afastado do cargo por mais 3 meses. Ele acatou parcialmente o pedido do Ministério Público Estadual. Na ação civil pública, o MP havia pedido que ele fosse afastado por seis meses.
Na decisão, o magistrado ressalta que “a medida de afastamento do cargo é indispensável, tanto para assegurar a utilidade do processo na apuração e responsabilização pelos graves fatos ora apresentados em juízo, tanto para evitar a iminente prática de novos ilícitos” e que os “elementos apresentados na ação são suficientes para demonstrar que o prefeito vem “não só agindo com recalcitrância no cumprimento das determinações judiciais, como também com nítida intenção de dificultar a instrução processual e com indicativos de que, se não obstado, continuará a agir de modo a dar continuidade à prática de contratação temporária irregular e de pagamentos indevidos do denominado prêmio saúde”, acrescentou