A Delegacia Especializada de Repressão a Entorpecentes (DRE) deflagrou, hoje, a Operação Venda Cancelada a investigados por usar uma empresa de revenda de veículos em Sinop para o tráfico de entorpecentes. Foram cumpridos três mandados de prisão e três de buscas em Sinop e Cáceres. Também foram bloqueadas contas bancárias dos alvos.
A investigação iniciou após apreensão de 210 tabletes de maconha, em junho deste ano, quando a Gerência de Combate ao Crime Organizado interceptou uma caminhonete na MT-010, no Distrito de Nossa Senhora da Guia. O veículo era conduzido por um homem de 38 anos, que acabou confessando o transporte da droga.
A partir das informações, os policiais identificaram supostos proprietários da caminhonete apreendida e um esquema envolvendo uma empresa em Sinop. “A investigação chegou ao proprietário da garagem e identificamos que as vendas orquestradas da caminhonete flagrada com o entorpecente voltavam novamente a ele. Ou seja, a intenção no esquema era adquirir veículos e colocá-los à disposição do tráfico de entorpecentes”, explicou o delegado Caio Fernando Albuquerque, através da assessoria.
A polícia informou que o comprador da caminhonete, também ouvido em depoimento, alegou que viu o veículo à venda por um site e teria pago à vista R$ 130 mil, alegando ser dinheiro proveniente da venda de gado. Disse ainda que não assinou contrato da compra, indo apenas ao cartório com um funcionário da garagem para a transferência de propriedade. Um mês depois, ele alegou que revendeu o veículo em Cáceres por R$ 160 mil em um contrato sem reconhecimento de firma.
Documentos reunidos no inquérito, segundo a polícia, indicam que o comprador da caminhonete forneceu como seu endereço o mesmo local onde está a garagem, além do número de telefone em nome de um dos funcionários da revenda de carros em Sinop. “E ainda, ele nunca teve criação de gado ou propriedade rural e trabalhava como garçom em Cáceres”, apontou a Polícia Civil.
A Polícia Civil informou ainda que a delegacia especializada comprovou que o dono da garagem comprou o veículo de uma empresa que fez a negociação, por meio de uma procuração pública, em nome de um funcionário da revenda de carros, para que o veículo retornasse a ele. “Ou seja, a revenda da caminhonete entre a garagem e o comprador foi uma simulação criada para dar crédito ao negócio ilícito e, em caso de apreensão pela polícia com entorpecente ou outra conduta ilícita, nenhum deles foi atingido”.
Também foram constatadas movimentações atípicas em contas bancárias em nome dos três investigados – dono e funcionário da garagem de veículo e o suposto comprador da caminhonete. A garagem, que foi constituída com capital social informado de R$ 100 mil e faturamento médio mensal de 19 mil. Contudo, em pouco menos de um ano, a conta da empresa teve créditos somados em mais de 5 milhões de reais.
“Identificamos valores e movimentação incongruentes com o faturamento declarado da revenda de veículos, além da aparente utilização da conta para trânsito de recurso de terceiros e rápida passagem de recursos pela conta sem maiores justificativas. Ou seja, a empresa vem auferindo ganhos totalmente incompatíveis com o contexto lícito, mas esperado no contexto de atividade empresarial de fachada para ações criminosas”, concluiu o delegado da DRE.
A operação hoje também fará verificação sobre a origem dos veículos que estão na revenda de um dos investigados por tráfico de drogas.
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