Cerca de 100 homens da Polícia Judiciária Civil e Polícia Militar estão neste momento no município de Colniza, (1.065 quilômetros ao Norte de Cuiabá), na fazenda Estrela, em busca de corpos, que suspeita-se, estarem enterrados na região, resultado de confrontos entre fazendeiros e assentados. Até o momento 24 pessoas foram presas, e estão sendo investigadas. A operação foi denominada ‘Ouro Verde’.
Cinco das prisões foram feitas na fazenda Estrela, onde a polícia apreendeu também 10 armas de fogo, entre elas espingardas, escopeta, revolveres, pistolas e várias munições. Outros objetos também foram encontrados na fazenda como capuz, fardas do exército, coturnos e documentos.
Desde ontem, os policiais estão na região, no assentamento denominado Taquaruçu do Norte. Todos os suspeitos foram presos e autuados em flagrante delito pelos crimes de porte e posse de arma de fogo.
A Operação “Ouro Verde” teve início a cerca de um ano, quando começaram a ocorrer vários crimes de homicídio na região. Os delegados Sebastião Lopes e Paulo Araújo deram início então a uma série de investigações que culminou na identificação dos suspeitos (fazendeiros, presos ontem), que teriam se associado em uma organização que atuava especificamente na extração ilegal de madeira na região Noroeste, onde se localiza o assentamento Taquaruçu do Norte. O grupo teria praticado cinco homicídios e vários crimes de cárcere privado e tortura.
De acordo com as investigações da Polícia teriam sido vítimas do grupo, Cláudio de Souza de Oliveira, José Roberto Sabino, Gilberto Ivo da Rocha, João Pereira de Andrade e Olivar Ferreira Melo, os primeiros a serem mortos e José Carlos Sobrinho, Francisco Chaves da Silva, Amarildo Teixeira Ribeiro, Daniel Wesovoski, Leomagno Graciote, Paulo Belém, Luis Carlos Barbosa, Ademir Pereira Afonso, Agenor Henrique dos Santos e Joaquim Sebastião Marcelino, vítimas de torturas e cárcere privado.
Segundo o diretor do Interior da Polícia Judiciária Civil, delegado Wilson Leite, que está na região desde ontem, acompanhando a Operação “Ouro Verde”, foram expedidos cerca de 19 mandados de prisão, busca e apreensão e, o objetivo do Governo do Estado e da Secretaria de Justiça e Segurança Pública, é manter a ordem no município.
ENTENDA O CASO – Segundo a Polícia, no dia 11 de dezembro de 2004, o Juiz de Direito da Comarca de Colniza concedeu reintegração de posse (no Processo nº 536/2004), em benefício da Cooperativa Agrícola Mista de Produção Roosevelt, a Cooperosevelt, em desfavor de Antônio Paulo Tinoco e outros.
A cooperativa de trabalhadores rurais, ao ingressar com a ação, teria argumentado que desde o mês de outubro de 2002, possuía a posse de uma área do Assentamento Roosevelt, a Gleba Taquaruçu do Norte, com 42.715 hectares, localizada no quilômetro 170 da Rodovia do Estanho, no município de Colniza, onde exercia atividades agrícolas.
Na área estavam assentadas 185 famílias, que teriam sido expulsas por Antônio Paulo Tinoco. O suspeito, acompanhado de outras pessoas, teria usando de violência. O argumento de Antônio Paulo Tinoco para expulsar os assentados da área seria de que juntamente com Carlos Bessa da Silva e Almindo Pereira Alves, teriam adquirido a área de uma pessoa chamada “Manoel Cumprido”.
Segundo o processo, em junho de 2004, os assentados foram expulsos da área por homens fortemente armados e que teriam destruído plantações, ameaçando e obrigando os assentados a saírem do local. Após prova nos autos o juiz concedeu liminar de reintegração de posse.
Diante da decisão os crimes na região começaram a acontecer e, com bastante intensidade. Segundo as investigações da Polícia, diante da decisão da justiça os fazendeiros resolveram se associar com a intenção de fazer valer a força física, para torturar e matar trabalhadores assentados, que eram torturados e obrigados a correrem nus pela mata.
O diretor do Interior, delegado Wilson Leite, disse que a Operação “Ouro Verde”, já toma conta de todo o município, e vai continuar nas fazendas e nos limites do município.
(Atualizada às 11:12hs)