A suspeita, 36 anos, confessou em depoimento ao delegado de Polícia Civil, Pablo Carneiro que assassinou o marido Francisco da Silva, 48 anos, com um tiro na cabeça enquanto ele dormia. O crime ocorreu na madrugada do último dia 19, na residência do casal no assentamento Jaguaribe, em União do Sul (169 quilômetros de Sinop) e o corpo foi encontrado, hoje de madrugada, enterrado nos fundos do imóvel. Um homem, 21 anos, e uma adolescente, 17 anos, são suspeitos de participação no crime, ajudando na ocultação do cadáver.
De acordo com o delegado, além de enterrar o corpo do marido, a mulher colocou fogo na cama que ele estava e em alguns pertences pessoais. A ‘cova’ tinha cerca de dois metros. “Ela arrumou alguém para cavar esse buraco nos fundos da casa, alegando que seria um tanque para peixe e combinou com a filha de uma vizinha e um outro rapaz, para que os dois levassem o corpo até o buraco e tampasse. Na segunda-feira, depois de ter limpado a casa, percebeu que a cama estava com bastante cheiro de sangue e resolveu colocar fogo, até para não deixar vestígios do crime”, explicou.
Ainda segundo Carneiro, inicialmente a suspeita contou que havia matado o homem durante uma discussão, mas acabou se contradizendo. “Sustentou uma história de violência doméstica que já vinha se perpetuando há vários meses, e que na sexta-feira teria tido uma discussão com o marido por conta de ciúmes e nessa ocasião ele até teria tido uma relação sexual forçada com ela. Alegou ainda que passou a noite toda fora da residência, e no sábado de manhã foi para a casa da vizinha. Já no domingo, retornou para casa onde houve nova discussão”, contou.
“Nessa nova briga o homem teria, em posse de uma arma de fogo, falado que iria matar ela, e eles entraram luta corporal, mas a mulher conseguiu empurrar ele, pegou uma arma de pressão modificada para calibre 22 e deu um disparo que matou a vítima”, no entanto “conseguimos identificar que essa história estava com algumas pontas soltas. Depois da retirada do corpo levamos todos os vizinhos à delegacia e em uma entrevista preliminar, a suspeita resolveu contar toda a verdade acompanhada do advogado”, pontou.
De acordo com o delegado “apesar de não poder autua-la em flagrante pelo homicídio, fiz uma autuação pelo delito de ocultação de cadáver, que é um crime permanente e também corrupção de menor, já que ocultou o corpo na companhia de uma adolescente”. Já o homem que ajudou na ocultação “estava em posse da arma de fogo utilizada no crime. A suspeita teria dado a arma para ele como forma de pagamento e inclusive entregou o celular do marido. Ele também está sendo autuado por posse de arma de fogo de uso permitido”, pontuou.
Carneiro ainda ressaltou que apesar das contradições, a mulher sustenta que era agredida pelo marido e ameaçada. “Ela foi até um posto de saúde alegando que tinha algumas marcas das agressões, mas depois confirmou que ela mesma teria feito esses arranhões no pescoço para sustentar a tese de legítima defesa. Confirma que o suspeito bateu nela, mas como não deixou nenhuma marca, deveria fazer uns arranhões para poder ter prova pericial”. “As declarações foram bem contraditórias, mas sustentou que a motivação seria por conta das agressões, vamos averiguar esses fatos. As informações preliminares colhidas com vizinhos dão conta que ele tratava ela bem. Vamos ouvir mais testemunhas”, completou.
O casal não tinha filhos juntos e tinham relacionamento há cinco anos. A mulher não tem outras passagens criminais. Agora, o delegado fará pedido de prisão preventiva da suspeita pelo crime de homicídio qualificado pela impossibilidade de resistência da vítima. O corpo de Francisco foi encaminhado ao Instituto Médico Legal para exames de necropsia.