O Ministério Público Estadual (MP) vai apurar uma denúncia feita por um grupo de vereadores de Cuiabá contra a gestão do prefeito Emanuel Pinheiro (MDB). Os parlamentares alegam que os valores gastos pela Secretaria Municipal de Inovação e Comunicação (Sicom) – após a revelação das imagens em que o emedebista aparece recebendo dinheiro em espécie no Palácio Paiaguás, supostamente propina – estão acima da média em relação aos demais períodos do ano passado. Em outro trecho da representação, os vereadores questionam os repasses feitos a um veículo de comunicação que seria comandado pelo irmão de Pinheiro.
A representação foi assinada pelos vereadores Abílio Júnior (PSC), Felipe Wellaton (PV), Dilemário Alencar (Pros), Diego Guimarães (PP), Gilberto Figueiredo (PSB), Marcelo Bussiki (PSB) e Toninho de Souza (PSD). Analisando informações obtidas junto à Secretaria, os vereadores constataram que os dois meses em que a pasta mais gastou foram justamente períodos delicados para a imagem do prefeito. Em meados de agosto e setembro, período que coincide com a divulgação de fatos da delação do ex-governador Silval Barbosa, foram gastos R$ 3 milhões. Já no final do ano passado, quando a Câmara instalou a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Paletó, os repasses totalizaram R$ 2,8 milhões. Para efeito de comparação, o terceiro mês em que houve maior gasto foi o de abril, aniversário de Cuiabá, que custou R$ 1,9 milhão em divulgação institucional. Para os parlamentares, Pinheiro teria usado da Pasta para “blindar” sua imagem perante a opinião pública.
Outra suposta irregularidade consistiria nos repasses feitos a uma emissora de televisão que teria como arrendatário o irmão do prefeito, Marco Polo de Freitas Pinheiro, o Popó. Ele teria assumido o controle do veículo em julho do ano passado, embora, reconheçam os parlamentares autores da representação, o nome dele não aparece em qualquer transação com a prefeitura. O levantamento entregue pelos parlamentares ao MP mostra que, até julho, haviam sido repassados ao veículo R$ 199 mil. Já no segundo semestre, os pagamentos cresceram 144% e atingiram R$ 488 mil.
Por fim, os vereadores alegam que para assegurar que a pasta tivesse recursos para fazer os pagamentos, o município retirou orçamento de outras áreas, como coleta de lixo e asfaltamento de vias, totalizando R$ 8,1 milhões.
Questionada, a Sicom afirmou, por meio de nota, que todo recurso direcionado ao pagamento de campanhas publicitárias está dentro do orçamento previsto na Lei Orçamentária Anual (LOA). Destacou também que não existe favorecimento a quaisquer veículos de comunicação. Popó Pinheiro não atendeu as ligações para comentar o caso.