A fronteira de Mato Grosso com a Bolívia figura como uma das principais portas de entrada da cocaína no País. A droga, que em sua maioria é produzida na Colômbia, viaja de um país para o outro e adentra no Brasil por ar, por terra e pela água nos 750 quilômetros de fronteira seca e 233 alagados, com o país vizinho. Até amanhã, centenas de policiais civis e militares das principais forças ligadas à Segurança Pública do País, fazem uso das peculiaridades de suas instituições para reforçarem o combate ao narcotráfico na fronteira Brasil/Bolívia em território mato-grossense.
Durante a "Operação Gênesis", deflagrada na ultima terça-feira pela Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública, a parceria entre aproximadamente 16 instituições e a atuação conjunta dessas forças tem feito todo diferencial dessa operação, em relação às demais já realizadas no País, deste gênero.
Dia 19, policiais militares e civis do Estado, da Força Nacional, Exército Brasileiro, Marinha, Polícia Federal, da Policia Rodoviária Federal, membros da Receita Federal e do Policiamento Especializado de Fronteira (Pefron), e do Grupo Especial de Fronteira (Gefron), saíram da base em Porto Esperidião, em direção às barreiras fixas do Gefron de Vila Cardoso, Matão, Avião Caído e do Limão, aos postos da Polícia Rodoviária Federal, e aos pontos de embarcação da Marinha em Cáceres para iniciarem a Operação.
Militares a pé fiscalizaram as chamadas ‘cabriteiras" (estradas vicinais/alternativas abertas com a finalidade de transporte de drogas, para que os ‘mulas"- pessoas que transportam a droga, não tenham que passar pelas barreiras fixas de policiamento), e se embrenharam no mato em busca de suspeitos. Ao mesmo tempo os helicópteros da Força Nacional, e da Policia Militar do Estado do Acre, sobrevoaram fazendas e locais de difícil acesso para os veículos em busca de entorpecentes.
Ednilson Aguiar/Secom-MT
As aeronaves ajudam na localização das rotas utilizadas pelas "mulas" no meio de propriedades rurais
Os 983 quilômetros da fronteira mato-grossense com a Bolívia têm como peculiaridade o fato de que praticamente toda sua extensão é área rural, o que dificulta muito o trabalho de fiscalização. Sempre que uma ‘cabriteira" é descoberta pela polícia, o tráfico muda sua rota e outras são automaticamente abertas. Na "Operação Gênesis" essas distâncias e dificuldade de acesso estão sendo superados com a ajuda de 4 aeronaves da Força Aérea Brasileira (FAB), que além do monitoramento do espaço aéreo ainda servem como suporte para o deslocamento dos militares aos lugares mais longínquos.
Pela água cinco embarcações da Marinha, quatro da Companhia Ambiental, e uma do Gefron, fazem abordagens e revistas em barcos, chalanas e qualquer tipo de embarcação que navegue pelos rios que compõe a parte alaga da fronteira. Na parte terrestre veículos descaracterizados trafegam pelas rodovias, e quando se deparam com veículos com suspeitos, fazem abordagens e revistas à procura de possíveis ‘mocós" (esconderijos de droga). Os militares aplicam técnicas para identificar possíveis locais na lataria dos veículos onde as drogas podem estar escondidas. Os cães farejadores da Polícia Rodoviária Federal também ajudam na localização das drogas.
Paralelamente ao trabalho de campo, a Policia Federal, a Polícia Civil, e a Agência Brasileira de Inteligência (ABIN), realizam toda a parte de investigação e contam com apoio do poder Judiciário para expedição dos mandados de busca e apreensão em possíveis pontos de tráfico de drogas. A operação segue até o dia 27, data em que serão apresentados números e resultados da ação.