Dos 141 municípios de Mato Grosso, apenas 81 possuem um delegado de plantão. As outras 60 cidades do interior precisam contar com o malabarismo dos agentes que cuidam de 3 ou 4 municípios. Hoje, o Estado conta com um efetivo de apenas 181 delegados, menos da metade do que seria necessário. Resultado disso: o medo e a insegurança avançam sobre a população. "Seriam necessários no mínimo 400 profissionais para atender a demanda", ressalta o presidente do Sindicato dos Delegados de Polícia de Mato Grosso (Sindepol), Dirceu Vicente Lino.
"Provavelmente não vai ter concurso público nos próximos 2 anos, isso significa que nós perderemos muito tempo e inúmeros inquéritos ficarão empilhados por falta de efetivo", afirma Dirceu Lino. Segundo ele, a Polícia está ficando cada vez mais atrasada e forçando seus poucos profissionais, que estão na ativa, a cargas horárias impossíveis. Há delegacias que não têm o mínimo de condições físicas para abrigá-los, os prédios estão sucateados, sem higiene ou móveis.
"Temos delegados precisando ser aposentados e que estão esperando para ser substituídos. Cada dia que passa a situação se agrava. Somos a ponta de lança, estamos expostos no sistema, porque é o delegado que atende diretamente as queixas dos cidadãos", esclarece o presidente do Sindepol.
Os problemas estruturais acentuam o descontentamento da categoria. Segundo o Sindepol, existem "prédios" sem água potável e viaturas que precisam ser empurradas para sair do lugar. Essa seria a realidade de municípios no Vale do Araguaia. Lá, os investigadores precisam revezar os turnos com o escrivão e com o delegado, que está sobrecarregado e se desdobra quando um crime muito grave acontece.
"Enquanto isso, as investigações e inquéritos vão se amontoando. Têm tarefas que parecem simples, mas que tomam muito tempo, como as intimações, por exemplo", comenta Aníbal Merca- dante Fonseca, presidente do Sindicato dos Investigadores da Polícia Civil e Agentes Prisionais (Siagespoc-MT).