O maníaco Edson Alves Delfino, 29, confirmou ontem, em juízo, o abuso sexual e assassinato do estudante Kaytto Guilherme do Nascimento Pinto, 10, ocorrido em 13 de abril. Edson negou ter ocultado o cadáver da criança, crime pelo qual ele também foi denunciado pelo Ministério Público e alegou, em sua defesa, ser uma pessoa doente. "Preciso de tratamento médico", disse para a juíza Maria Aparecida Fago, da 12ª Vara Criminal de Cuiabá.
Perante a juíza, Edson contou que violentou e matou o menino Kaytto em um momento de "fraqueza" e que o assassinato foi cometido para ocultar o crime de violência sexual. Após ter sofrido a penetração anal, Kaytto afirmou que contaria ao pai o ocorrido. Edson Delfino então admitiu ter dado uma "gravata" no menino, que caiu no chão, e que o enforcou usando a cueca e um pedaço de madeira, formando uma espécie de um torniquete.
O maníaco também explicou em detalhes como abordou a criança no ponto de ônibus e afirmou ter bebido pinga antes. Disse que o encontro foi "casual", que ele estava indo para a casa de parentes, no bairro Ouro Fino, e vinha cortando caminho para escapar das blitzes policiais. Contou que passou, viu o menino, deu meia volta e encostou a moto em frente ao ponto de ônibus. Ali puxou conversa com o menino, ofereceu carona, e disse para a criança que passaria em casa para pegar outro capacete. Mas foi direto para o mato.
Com tranquilidade, Edson Delfino lembrou para a magistrada o crime semelhante cometido por ele em Primavera do Leste, em novembro de 1999, quando violentou e matou "um menino de 8 ou 9 anos", como ele mesmo se referiu a Anderson Costa da Silva. Contou que havia praticado outro atentado violento ao pudor na cidade, sem morte da vítima, e que a pena pelos 2 crimes totalizou 46 anos e 8 meses, dos quais ele cumpriu pouco mais de 9 anos.
Para ficar perto da família, assim que deixou o Presídio de Mata Grande, em Rondonópolis, pediu para ser transferido para Cuiabá, onde começou a trabalhar com o irmão, Antônio Miguel do Nascimento, como servente de pedreiro e pintor. Foi em uma dessas obras, na reforma da guarita do Residencial Paiaguás, que ele diz ter conhecido Kaytto, por quem se sentiu "atraído".
Para justificar a gravidade dos crimes cometidos, o maníaco relatou à juíza que teve problemas na escola, quando criança, e não conseguia aprender. A diretora teria chamado a mãe dele e pedido exames. Edson alegou ter feito um exame que constatou disritmia cerebral. Por falta de tratamento, disse ter tido problemas de transtornos de comportamento e feito tratamento por algum tempo no Adauto Botelho.
Contou para a juíza que foi molestado sexualmente por um vizinho, quando tinha cerca de 9 anos, e que omitiu o fato da família. Esse abuso teria sido o motivo da mudança dele para Primavera do Leste, onde estabeleceu residência e tirou o título de eleitor e fez as 2 primeiras vítimas.