Dos homicídios registrados em Mato Grosso, 64% foram com arma de fogo. Esta é mais uma estatística do Atlas da Violência 2016 e refere-se ao período de 2004 a 2014, quando do total de 11.115 mortes, 7.114 foram causadas por arma de fogo. Segundo o estudo, ainda que essa proporção tenha reduzido após o Estatuto do Desarmamento (ED), em 2003, a violência letal com arma de fogo no Brasil continua alcançando patamares só comparáveis a alguns poucos países da América Latina, sendo tal indicador bem superior aos 21% que é a média dos países europeus.
De acordo com o Instituto de Pesquisa Econômica e Aplicada (Ipea) e o Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP), responsáveis pelo estudo, ao observar a variação da taxa de homicídio por arma de fogo, por 100 mil habitantes, entre 2004 e 2014, pode-se notar uma significativa amplitude dos indicadores, com nove unidades federativas que apresentaram diminuição da taxa. Em seis estados, o aumento foi menor do que 50%, em três deles o aumento situou-se entre 50% e 100%, sendo um destes Mato Grosso, e em nove unidades federativas ocorreu aumento acentuado, superior a 100% no período, todos do Norte e Nordeste.
A pesquisa traz ainda um comparativo hipotético caso o ED não tivesse sido sancionado. É feito um exercício contrafactual bastante conservador que leva a subestimar o efeito do referido Estatuto. O cenário contrafactual entre 2011 e 2013 aponta uma média de 1.466 homicídios em Mato Grosso. Já observando os dados reais entre os mesmos anos, o número cai para 1.079. Ou seja, se a questão da vitimização violenta assumiu contornos de uma tragédia social, sem o ED a tragédia seria ainda pior.