A assessoria da Polícia Civil confirmou, esta manhã, que os principais índices criminais de Mato Grosso entre os dias 10 de março e 26 de abril tiveram redução considerável, em comparação com o mesmo período de 2019 .O homicídio doloso, por exemplo, diminuiu 20%, sendo que este ano foram registrados 92 casos, contra 115 no ano anterior. O acompanhamento, feito pela Superintendência do Observatório de Violência da secretaria de Estado de Segurança Pública (Sesp), leva em consideração o período de quarentena, em função do Coronavírus (Covid-19).
Roubos e furtos também apresentaram queda de 42,6% e 47,5% registros, respectivamente. Foram constatados 1.031 roubos este ano, contra 1.797 no ano passado, e 3.312 furtos no período atual e 6.310 no anterior. O crime de latrocínio (roubo seguido de morte) caiu pela metade, sendo 5 registros em 2020, contra 10 em 2019.
O levantamento contempla ainda as ocorrências de lesão corporal, com -31,9% de casos (1.776 este ano e 2.608 no ano passado), e de tráfico e uso de drogas, que foi responsável por 772 registros em 2020 e 1.122 em 2019, ou seja, redução de 31,2%.
Na avaliação do secretário adjunto de Integração Operacional da Sesp , coronel PM, Victor Fortes, a redução é reflexo direto do isolamento social, na medida em que há menor circulação de pessoas e veículos nas ruas. “Também neste período houve o fechamento de bares, restaurantes, alguns segmentos dos comércios, casas noturnas, o que influencia na redução de crimes”.
Ele pondera que paralelamente a isso, as forças de segurança mantiveram o fluxo de atuação. “A Sesp continua desenvolvendo as ações integradas preventivas e repressivas, sem redução do ritmo de trabalho, o que também colaborou para os resultados positivos nos índices”.
Ainda levando em conta o período de quarentena, o Observatório da Sesp elaborou novo levantamento das ocorrências envolvendo vítimas femininas de 18 a 59 anos de idade em Mato Grosso. No período entre 10 de março e 19 de abril de 2020 foram registrados 3.553 casos de várias naturezas, enquanto no mesmo período de 2019 foram 5.540, ou seja, redução de 36%.
O crime de importunação sexual, por exemplo, teve queda de 64% registros, caindo de 33 para 12. Seguindo essa tendência, o número de casos de assédio sexual reduziu de 32 para 15 (53%). Já os homicídios mantiveram-se estáveis, com 10 casos no período de cada ano. Ameaça e lesão corporal apresentaram reduções de 35% (1.599 contra 2.460) e 21% (933 contra 1.176), respectivamente.
Poucas naturezas criminais tiveram aumento nos índices, como é o caso do estupro. Foram registrados 42 casos este ano, contra 40 no ano anterior, o que representa 5% a mais. Maus tratos foi responsável por 12 ocorrências em 2020, contra 10 em 2019. Já o crime de produzir, fotografar, filmar ou registrar, por qualquer meio, conteúdo com cena de nudez ou ato sexual ou libidinoso de caráter íntimo e privado sem autorização dos participantes apresentou um registro este ano, enquanto no ano passado não houve.
A análise dos dados considera que a violência contra a mulher, na maioria das vezes, é praticada dentro de casa e não em ambientes públicos, como os demais crimes. “Estando em isolamento, a redução nos registros pode estar relacionada à intimidação da vítima ou ameaça pelo companheiro ou outro membro da família, o que gera subnotificação. Por isso, os crimes podem estar ocorrendo sem que as autoridades tenham conhecimento”, frisa o coronel PM, Victor Fortes.
Por outro lado, o secretário adjunto ressalta que o não funcionamento de bares e casas noturnas também é um fator influenciador, já que o consumo de álcool potencializa esse tipo de crime. “Esse acompanhamento constante é importante, para termos condições de analisar melhor os dados, inclusive após o período da pandemia”, acrescentam.
É importante ressaltar que todos os canais de denúncia e socorro continuam funcionando normalmente e estão à disposição da população. Há os disques-denúncia 190, 197, 180 e 181. Além disso, as delegacias também estão com atendimento presencial normal, assim como a Patrulha Maria da Penha, que faz rondas para atendimento às vítimas que possuem medida protetiva.