A índia Jaira Xavante, 16, da Aldeia São Pedro em Campinápolis (658 km ao leste de Cuiabá), morreu na quarta-feira (25) em Brasília. O laudo preliminar do Instituto Médico Legal (IML) confirma que a menina teve um instrumento de aproximadamente 40 centímetros introduzido na vagina e no ânus que provocou perfuração no reto, baço, estômago e diafragma, causando uma hemorragia e infecção generalizada.
O titular da 2ª Delegacia de Polícia (Asa Norte) do Distrito Federal, Antônio Romeiro, disse que o médico legista ainda informou que o fato aconteceu entre 24h e 48h antes de Jaira ser internada no Hospital Universitário de Brasília (HUB). Ela chegou no hospital na quarta-feira por volta das 8h.
Classificando o caso como uma “violência atípica”, o delegado disse que já ouviu extra-oficialmente familiares da menor que negam qualquer tipo de violência. Romeiro informou que está estudando o caso sobre a competência da investigação, se cabe à Delegacia da Criança e do Adolescente, da qual é titular, ou se o caso deve ser encaminhado para a Polícia Federal.
Jaira tinha 1,35 m e pesava 33 quilos. Ela estava em Brasília desde o dia 28 de maio e fazia tratamento no Hospital Sarah Kubitschek. Portadora de uma lesão neurológica grave, a índia não falava, não andava e se locomovia por meio de uma cadeira de rodas.
Ela estava hospedada junto com a mãe e uma tia na Casa de Apoio à Saúde Indígena (Casai), localizada às margens da BR-040, na região do Gama.
A Fundação Nacional de Saúde (Funasa), instituição responsável pela promoção e proteção à saúde dos povos indígenas, afirmou em nota que a Casai é uma estrutura do órgão que oferece apoio aos pacientes referenciados para tratamento especializado na rede do Sistema Único de Saúde (SUS). No local, eles recebem medicamentos, atendimento da equipe de enfermagem, transporte e alimentação balanceada.
Jaira apresentou dor abdominal na madruga de terça-feira (24), quando haviam 56 pessoas no local, entre pacientes e acompanhantes. A equipe de enfermagem da Casai fez os primeiros atendimentos, mas como o quadro evoluiu a índia foi levada para o HGU na manhã de quarta-feira.
A Funasa informou que Jaira foi avaliada na emergência pediátrica e levada ao centro cirúrgico. Teve duas paradas cardiorrespiratória e morreu. Ao tomar conhecimento do fato, a Funasa encaminhou um ofício para a Polícia Federal pedindo que a denúncia seja investigada.
A coordenação da Funasa em Mato Grosso afirmou na tarde de ontem que ainda não tinha conhecimento sobre o fato ocorrido em Brasília.