A Polícia Civil já identificou cerca de 30 vítimas da “máfia da cobrança”, desarticulada na última quarta-feira (29) na “Operação Cobrador”. Entre elas está uma pessoa que prestou depoimento ontem ao delegado Jales Batista e descreveu detalhes da atuação da quadrilha. A vítima, que mora em Jaciara (144 km de Cuiabá), diz que os cobradores “desgraçaram” a vida dela, já que foi obrigada a pagar uma mesma dívida cerca de seis vezes.
Em seu depoimento, a pessoa, que teve o nome preservado por questões de segurança, diz que emprestou R$ 40 mil do empresário Osvaldo Cirilo, que é apontado como o líder do bando. O juro era de 7% ao mês e 13 cheques foram deixados com o agiota. Contudo, o grupo comandado por Cirilo a obrigou entregar dois barracões, um caminhão e a casa onde morava com a família. Ela está na Justiça tentando reaver este imóvel.
O homem que liderava os cobradores e trabalhava diretamente com Osvaldo Cirilo prestou depoimento ao delegado responsável pelas investigações, Fernando Vasco Spinelli, em Dom Aquino (166 km da Capital). Jovair Rodrigues da Silva, conhecido como “Márcio”, admitiu que fazia cobranças para Osvaldo, mas negou que usasse de violência e truculência. Ele disse que o método que adotava era a “persistência”.
Além de Jovair Rodrigues, estão presos o oficial de Justiça Marcilei Cardoso Cavalcanti, o agente prisional Marclean Menezes Lopes, que está na Unidade de Tratamento Intensivo (UTI), do Hospital Regional de Rondonópolis, mas também será levado para Campo Verde, onde foi desencadeada a operação. Estão foragidos Oziel Lopes, Egnaldo Jerônimo Aguiar, Zelmon Aparecido Satelis Rocha e o empresário Osvaldo Cirilo. A polícia continua investigando a participação de dois policiais civis, um soldado da Polícia Militar e de um oficial de alta patente da mesma corporação e pediu ontem a prorrogação das prisões.
O oficial de Justiça já esteve preso na Polinter sob a acusação de homicídio e tentativa de homicídio. Depois de solto, ele foi acusado de porte ilegal de arma de fogo. Atualmente responde processo por peculato (crime praticado por funcionário público).