O delegado da Polícia Civil de Sorriso, Bruno Abreu, um dos que conduz as investigações da operação Confidere, explicou, há pouco, ao Só Notícias, que um dos gerentes empresa em Sinop, de onde eram furtados e vendidos bobinas de aço e perfis, estava praticando os crimes e lesando o estabelecimento comercial onde trabalha há cerca de cinco anos. “Ele tem uma fazenda em seu nome (em um município na região Norte) que foi paga em duas vezes, no valor aproximado de R$ 1 milhão. Ele também tem quatro casas em Sinop, três veículos BMW, três motos e, recentemente, comprou uma caminhonete de R$ 190 mil", afirmou. Ele (que seria líder do esquema) e mais dois gerentes da mesma empresa em Sinop estão entre os 14 presos, hoje.
"Esses bens nós solicitamos o sequestro e está sendo aguardada a decisão judicial. Os veículos e motos foram apreendidos. Outro gerente tem duas casas em Sinop e, ontem, em contato telefônico com uma pessoa, ele pediu para transferir da sua conta bancária para outra um valor bem alto. Ainda não sabemos se ele chegou a transferir. Assim que sair a quebra de sigilo bancário vamos saber", acrescentou o delegado.
"A audácia deles foi grande. O objetivo era que a empresa fosse à falência. Eles queimavam clientes desta empresa para, no futuro, próximo abrir a empresa deles. Em uma conversa um falou para outo – 'eu tô na empresa por causa dos nossos rolos. Assim que quebrar as pernas, nós abrimos nosso próprio negócio'", revelou o delegado, sobre o teor de uma das mais recentes conversas telefônicas que a polícia descobriu.
Bruno Abreu acredita que os bens apreendidos e com pedidos de sequestro, de todos os investigados, estão avaliados em mais de R$ 7 milhões. O levantamento inicial da Polícia Civil é que a quadrilha deu prejuízo de aproximadamente R$ 15 milhões para a empresa que tem matriz em Sinop e filiais em outras cidades.
Conforme Só Notícias já informou, entre as 14 pessoas investigadas na operação, há empresários receptadores (em cidades na região Norte) de produtos desviados.
O delegado Bruno Abreu apontou ainda que, considerando todos os crimes, inclusive formação de quadrilha, eles podem ser condenados de 8 a 15 anos de cadeia. "É investigado também crime de lavagem de dinheiro e as penas podem aumentar". Bruno também disse que a polícia descobriu que um dos receptadores, de Sorriso, deixou a cidade, de avião, ontem. O delegado está em Tangará da Serra fazendo buscas na operação.
Os policiais identificaram que os produtores desviados e furtados da empresa em Sinop foram para empresas em Sorriso, Tangará e Alta Floresta. Também estão sendo apurados possíveis receptadores em Lucas do Rio Verde, Sinop, Tapurah e Barra do Bugres.
Hoje de manhã, em Sinop, o delegado municipal Ugo Mendonça, que também está na linha de frente das investigações, explicou que os funcionários faziam contatos com clientes oferecendo o produto, entregavam e emitiam nota fiscal. Posteriormente, cancelavam estas notas fiscal como se a venda não tivesse sido bem sucedida. No entanto, o produto ficava com o comprador que pagava um valor abaixo do mercado para os integrantes do esquema. A empresa ficava no prejuízo. A assessoria da Polícia Civil apontou que, em dois anos teriam sido emitidas e canceladas cerca de 1,2 mil notas. O delegado em Sinop afirmou ainda que empresários beneficiados sabiam do esquema e também são investigados.
Em nota, a assessoria da Polícia Civil informou que, em 2015, "essa mesma empresa entrou com pedido de recuperação judicial por dívidas de R$ 38 milhões. Mas esse não seria o motivo da denúncia e, sim, o fato de inúmeras reposições do estoque sem aparentes explicações e também o cancelamento de notas fiscais emitidas pela própria empresa vítima, como se o material comercializado não tivesse saído do depósito".