Levantamento da Polícia Rodoviária Federal (PRF) em Mato Grosso mostra a falta de atenção dos condutores como a principal causa de acidentes nas rodovias federais do Estado. Entre 11 critérios classificados como motivos de erros, o quesito indicado representa 35,8% dos casos, de acordo com sistematização entre janeiro e setembro do ano passado da polícia. Para efeito de comparação, defeitos mecânico em veículos e na via são listados, respectivamente, com índices de 7,86% e 4,17%.
Nos critérios de falha humana, a condição de saúde dos condutores preocupa mais a instituição, conforme conta o chefe do Núcleo de Registro de Acidentes da instituição, inspetor Alessandro Barbosa Dorileo. Uma das medidas para tentar reduzir muitas das ocorrências que se transformam em vítimas fatais é a ampliação do atendimento do Projeto Rede Cidadã, ação da PRF desenvolvida em parceria com Secretaria de Infraestrutura (Sinfra), Detran e Polícia Militar junto aos caminhoneiros. Em 2008 foram 1.086 condutores atendidos e no ano passado 1.617.
Como os veículos de carga são responsáveis por 70% do movimento nas rodovias federais mais problemáticas (BRs 364, 070 e 163), os caminhoneiros são foco da ação preventiva das instituições, como é o caso do projeto.
A situação mais grave é entre Rondonópolis e Diamantino, da região Sul e Leste para o Oeste do Estado, onde ao longo de trechos as três rodovias se sobrepõem.
Os caminhoneiros acompanhados pelo projeto passam por monitoramento da saúde, com exames de pressão, diabetes, percentual de gordura no corpo, colesterol e qualidade da visão.
Alessandro conta que o objetivo é mudar o hábito e a cultura dos condutores de caminhões. Pois eles têm saúde frágil, ficam fora de casa por muito tempo, têm alimentação equivocada e não fazem exercício físico. Parte tem doença precoce devido à correria da profissão e tomam medicamentos impróprios, relata a média dos registros. Tudo somado, "reflete no dia-a-dia deles na condução do veículo".
O inspetor resume com uma descrição o padrão dos principais acidentes de colisão com morte a partir do acompanhamento realizado pela PRF nos últimos anos. Em geral, acontecem em estradas retas, de dia, onde não tem buraco. A causa provável, avalia, é "mal súbito. Um dos dois motoristas dormiu ou teve mal súbito. Desmaiam, têm pressão alta, alta taxa de glicemia. Acabam por puxar o volante para a pista contrária e o acidente é iminente".
Além da falta de atenção, problemas mecânicos e na rodovia, o levantamento enumerou como causas dos acidentes a pequena distância guardada entre veículos (7,41% dos registros); ultrapassagem indevida (5,83%); animais na pista (3,44%); sonolência (2,86%); velocidade incompatível com a rodovia (2,07%); ingestão de álcool (1,83%); desobediência à sinalização (1,58%) e outros (27,15%