A Polícia Federal localizou neste sábado uma aeronave monomotor, com prefixo boliviano, caída no interior da Reserva Indígena Nambikwara, no município de Vila Bela da Santíssima Trindade, no Noroeste de Mato Grosso. A aeronave, desaparecida desde o começo da semana, levava um carregamento de cocaína e armas. Ainda não se sabe a quantidade, ao certo. O aparelho invadiu o espaço aéreo brasileiro, mas apresentou pane ainda na fronteira e caiu já entrando na chamada região do médio-norte do Estado. A informação sobre o avião foi repassada a Polícia Federal por três índios que estavam percorrendo a mata, fazendo pescaria.
Dentro do avião, de acordo com as primeiras informações dos agentes que foram a campo confirmar a informação dos índios, foram encontrados corpos de três homens com identidade boliviana, uma grande quantidade de cocaína, armas e dinheiro. Foi também achada uma informação considerada valiosa e que deverá desencadear um operação de combate ao tráfico de droga na região: o plano que o piloto deveria seguir ára efetuar a entrega das drogas. O local está o avião é de difícil acesso.
A possibilidade de que o avião boliviano – que pode ser também uma das muitas aeronaves brasileiras que são roubadas na região de fronteira e levada para o país vizinho – teria caído em terras brasileira mobilizou uma grande quantidade de agentes. De Brasília vieram helicópteros da Polícia Federal para ajudar nas buscas. O grupo ficou baseado na cidade de Nova Lacerda. Helicóptero da Polícia Militar também está na região das buscas. “Tudo indica que o excesso de peso fez o avião apresentar problemas e cair” – informou a fonte de 24 Horas News na PF de Cáceres.
O caso revelou mais uma vez a facilidade com que traficantes encontram para entrar no Brasil com entorpecentes produzidos na Colômbia e na própria Bolívia, berço do plantio da folha de coca, um dos principais componentes da droga. A chamada “linha seca” que divide os dois países tem sido constantemente invadida pelo narcotráfico. Havia temores de que pessoas a serviço dos traficantes pudessem tentar resgatar a droga e as armas, mas, o avião caiu um pouco distante da linha que divide os dois países.
No final do mês, militares bolivianos ocuparam alguns pontos da fronteira da Bolívia com o Brasil considerados rotas para os tráficos de drogas e de armas. O ministro da Presidência, Juan Ramón Quintana, admitiu que a região, que envolve as cidades de de San Matías, Roboré, Puerto Suárez, San Ignacio de Velasco e San José de Chiquitos, vizinhos dos estados brasileiros de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, vem registrando intenso movimento de narcotraficantes. “Todos os efetivos militares deslocados de diferentes pontos do país para o departamento de Santa Cruz (leste) já se encontram em suas unidades de destino e têm a ordem de iniciar seu trabalho normalmente a partir desta segunda-feira” – informou.
Além de drogas, a fronteira de Mato Grosso com a Bolívia tem registrado grande fluxo de tráfico de armas e de veículos e comércio ilegal de recursos naturais. Ao dar a notícia da ação na fronteira, civis do Estado de Santa Cruz manifestaram descontentamento, já que as atividades criminosas é considerada um dos propulsores econômicos da região. “É uma nova agressão do governo aos departamentos do oriente, já haviam feito em Pando. Isto se chama militarização” – protestou na ocasião o presidente da Câmara dos Senadores, Oscar Ortiz, de Santa Cruz.
A fronteira Brasil-Bolívia na parte que envolve Mato Grosso tem produzido situação consideradas medonhas do ponto de vista da segurança pública. A Polícia Federal confirma que cada vez mais a situação está se tornando mais tensa e o índice de violência se elevado assustadoramente. No mês passado, corpos supostamente de brasileiros foram encontrados enterrados numa vala, numa estrada para frente de San Matias em direção a Santa Cruz de La Sierra. A chacina teria sido determinada a mando de narcotraficantes.