O Departamento de Homicídio e Proteção à Pessoa (DHPP) de Curitiba (PR) está investigando as circunstâncias da morte do empresário Agnaldo Brum, 57, ocorrida na noite de sexta-feira na capital paranaense. Brum, empresário cuiabano, e que esteve envolvido em escândalos da extinta Superintendência de Desenvolvimento da Amazônia (Sudam), foi encontrado morto às 22h num quarto de hotel em Curitiba. Extraoficialmente a morte teria sido causada por um enfarto em decorrência de superdosagem de medicamentos. O corpo de Brum foi enterrado no domingo em Curitiba. A Polícia não descarta a hipótese de suicídio.
"Ficamos na dependência do resultado dos exames feitos pelo Instituto Médico Legal (IML) para saber se a causa da morte foi realmente por excesso de medicamentos", disse ontem, por telefone, o delegado titular do DHPP, Hamilton da Paz.
O delegado informou que um filho de Brum esteve na delegacia para obter informações. "Estamos investigando e neste momento não podemos adiantar nada", observou o delegado.
Ontem, o jornal Gazeta do Povo, de Curitiba, publicou no obituário a morte de Brum, relatando que ele deixa como viúva Simara Maria Stoterau Brum.
Brum foi proprietário em Cuiabá da Princess Veículos e também dono do Frigorífico Superfrigo, que, segundo o Ministério Público Federal (MPF), a partir de investigações iniciadas em 1998, foi acusado de ter desviado recursos da Sudam. Segundo o MPF, empresas de fachada – que usaram notas fraudulentas – foram utilizadas para desviar cerca de R$ 9 milhões provenientes de repasses da Sudam.
O corpo de Brum foi encontrado por policiais militares num quarto do Hotel Quality, no bairro Batel. Os PMs foram acionados pela família que estava há alguns dias sem notícias do empresário. O empresário estaria morto há 5 dias. O IML deverá dizer se a morte de Brum foi causada por excesso de medicamentos.
Se foi intencional ou não, a morte de Agnaldo Brum tem semelhanças com outro caso, a do empresário José Osmar Borges. Apontado como o maior fraudador da Sudam, Borges foi acusado de ter desviado R$ 133 milhões da extinta superintendência.
Dono da empresa Pyramid Confecções, José Osmar Borges tinha mais 5 empresas financiadas pela Sudam (Moinho Santo Antônio, Agropecuária Santa Júlia, Pyramid Agropastoril, Royal Etiquetas e Saint Germany Agroindustrial), e que na verdade teriam sido usadas como fachada apenas para obter financiamentos fraudulentos.
Sua morte, ocorrida no início de dezembro de 2007, também esteve envolta em mistérios. Empresário goiano radicado em Cuiabá, Borges foi encontrado morto em sua mansão em Chapada dos Guimarães (67 km ao norte de Cuiabá).
Inicialmente, suspeitava-se que a morte teria sido por envenenamento mediante o uso de veneno de rato (conhecido como "chumbinho"). Restos do veneno foram encontrados num copo de bebida em cima de uma mesa. Um bilhete encontrado ao lado do corpo, onde estava escrito "A dor foi grande, não deu" (ele estaria depressivo por ter um câncer na cabeça), reforçou a tese de suicídio.
O laudo de necropsia afastou a hipótese de homicídio, que chegou a ser cogitada pela família, e apontou que a morte teria sido "acidental", por apnéia (distúrbio do sono) provocada pela ingestão de um tranquilizante, provavelmente pelo benzodiazepinico, princípio ativo do medicamento valium. O veneno que chegou a se cogitar que Borges teria ingerido, só estaria na secreção encontrada na boca.