O delegado de Polícia Civil de Alta Floresta, Vinícius Nazário informou, ao Só Notícias, que montara força tarefa para começar a analisar as diversas caixas com documentações para apurar denúncia consistentes em exigência de caução antecipada, em caso de urgência para internação de Unidade de Terapia Intensiva e exercício ilegal da medicina, falta de medicamentos e insumos (sedativos, oxigênio e respiradores), em um hospital particular que atende pacientes diagnosticados com Covid, regulados pelo Sistema Único de Saúde, no município.
O inquérito foi instaurado após a promotoria de Justiça Cível de Alta Floresta encaminhar ofício à delegada regional de Polícia Civil, Ana Paula Reveles de Carvalho. “Vamos concentrar esforços e fazer uma força tarefa. Parte dos documentos eu já recebi, são caixas e caixas que levarão meses”, resumiu o delegado. À época em que o caso veio à tona, Nazário chegou a registrar boletim de ocorrência com base nos prints das publicações com as denúncias feitas por um médico que trabalhava na unidade.
Foram requisitadas às secretarias municipal e estadual documentação pertinente à contratação dos leitos de UTI Covid na unidade, lista dos pacientes regulados e óbitos ocorridos em decorrência de complicações da doença. Também foram solicitados ao hospital os prontuários médicos de pacientes diagnosticados com o vírus e das mortes ocorridos.
O Ministério Público também instaurou inquérito cível para apurar as denúncias. O médico denunciante foi ouvido, pelo promotor Luciano Martins da Silva e reafirmou as denúncias, na oitiva. “Quando eu fiz requerimento com ventiladores, pedi para ser protocolado, não foi. Simplesmente amassaram e jogaram fora. Começa por aí. Tem medicações que às vezes não chegam, não sei o que acontece. Deixam para última hora. Na sexta-feira fui fazer medicação e a farmácia avisou que só poderia liberar quatro ampolas, para quem precisa de 8 ou 6. Comecei a ver que quem tinha dinheiro lá dentro ficava em leito melhor e quem não tinha, sofria as consequências. São coisas que não aguentei ver. Meu sogro e sogra quando foram internados, foram pagos R$ 4 mil por leito. Ele internou às 16h e foi receber medicação às 23h. É meio estranho um paciente com febre receber medicação às 11 da noite. No outro dia, não fizeram o remédio no tempo certo”, o relato é de vídeo gravado em reunião com o promotor.
Em desabafo nas redes sociais, o médico escreveu que é “melhor vocês realmente terem os 60 leitos com respiradores que funcionem, com medicações que não acabam, com computadores e impressoras que funcionem para os profissionais fazerem suas evoluções, prescrever as medições que tem, porque quando não tem, a farmácia do hospital regula quantas ampolas somente podem ser usadas, porque está em falta né. Daí quando acaba resolve comprar, mas nós médicos que não somos donos né, se reclamar é demitido igual fizeram comigo, não existe humildade nem humanidade de alguns dentro desse hospital, aproveitando pandemia para lucrar, tirando os ventiladores de outras UTIs só para montar uma bonita para mostrar para a auditoria do SUS. Depois que vão embora, volta a bagunça toda”.