Os policiais militares que atenderam a ocorrência de espancamento do vendedor ambulante Reginaldo Donnan dos Santos Queiroz, 31, no Shopping Goiabeiras, foram indiciados pelo Comando da PM por prevaricação e transgressão disciplinar. O inquérito policial será encaminhado à Justiça Militar e, caso a promotoria não aponte novo crime na denúncia, o cabo Vanderlei José Alves e o soldado José Aparecido Matias Vieira poderão ser condenados de 6 meses a 2 anos de detenção, cuja pena deve ser convertida em prestação de serviço à comunidade. No Código Militar, os crimes são considerados de gravidade média.
No inquérito, a PM informa que foram ouvidas 59 pessoas que tiveram ligação direta com o caso. O cabo e o soldado foram indiciados por prevaricação e transgressão disciplinar por terem permitido o transporte de Reginaldo no contêiner de lixo do shopping até a viatura policial, algemado, quando a atitude correta seria acionar o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) e levar o rapaz para o hospital.
No entanto, tanto para o comandante-geral da PM, coronel Benedito Campos Filho, quanto para o corregedor Jorge Catarino, não houve omissão de socorro, uma vez que os policiais "não sabiam que Reginaldo estava machucado". Eles alegam que, fisicamente, o rapaz apresentava apenas alguns arranhões no rosto e chegou falando e andando no Pronto-Socorro Municipal de Cuiabá. Contudo, o coronel Catarino admite que não analisou as imagens em que os policiais aparecem ajudando os seguranças do shopping a colocar o vendedor ambulante no contêiner de lixo, praticamente desmaiado.
Para a PM, os policiais foram induzidos a tratar Reginaldo como bêbado ou drogado desde o início. O corregedor justifica que, desde o momento em que o Centro Integrado de Operações de Segurança Pública (Ciosp) acionou a viatura, a informação passada era de que havia uma confusão no shopping e que, chegando lá, os seguranças disseram que Reginaldo era uma pessoa de alta periculosidade. Questionado se não caberia aos policiais uma análise da situação antes de conduzir a ocorrência, levando o rapaz na viatura até o Centro Integrado de Segurança e Cidadania (Cisc) Verdão ao invés do hospital, o corregedor Jorge Catarino disse que avaliar isso, agora, seria muito subjetivo, e considera que a atitude do cabo e do soldado, que possuem um histórico de bom comportamento na corporação, foi decorrente de "um minuto de bobeira".