O juiz federal Julier Sebastião da Silva (foto) e o presidente do Detran-MT, Gian Castrillon, foram alvos de mandados de busca e apreensão que estão sendo cumpridos, hoje, pela Polícia Federal, em Cuiabá. A ação policial busca juntar mais documentos em desdobramento da operação Ararath. A assessoria da Justiça Federal confirmou a diligência ao gabinete do juiz federal. No entanto, o magistrado não deve se pronunciar sobre o caso. Os policiais também foram a residência do magistrado.
A assessoria da PF informou que o processo corre em segredo de justiça e, devido a isso, não poderia revelar o nome do magistrado. A operação ainda está em andamento. Não foi confirmado o que exatamente foi apreendido no gabinete do magistrado federal. Já o presidente do Detran confirmou, ao Gazeta Digital, que recebeu os agentes da PF. No entanto, negou ter qualquer tipo de participação no esquema fraudulento.
O presidente do Detran afirmou que jamais movimentou qualquer quantia financeira que não fosse o seu salário e que, embora possua cinco veículos em seu nome, mantém apenas dois, um deles financiado. “Tenho duas contas bancárias, uma desativada e outra em que recebo meu salário. Mostro meus extratos no momento em que for necessário”.
Ele ainda negou qualquer vínculo com Julier ou outro magistrado. “Não sei qual é o magistrado citado no mandado que recebi, mas posso afirmar que desde que assumi o Detran jamais atendi algum juiz ou desembargador, estadual ou federal, em meu gabinete”. Na casa de Castrillon, os policiais recolheram um notebook e algumas agendas. “Aqui no meu gabinete nada foi levado, eles vieram, olharam e saíram”, disse ao site.
Conforme Só Notícias já informou, mais sete mandados de busca e apreensão estão sendo cumpridos. Eles foram expedidos pelo Tribunal Regional Federal da 1ª Região e são referentes ao inquérito judicial instaurado para apurar crimes contra a administração pública e lavagem de dinheiro (operação Ararath).
De acordo com informações da assessoria da PF, a investigação está tramitando no TRF 1ª Região em razão do possível envolvimento de magistrado nos fatos sob apuração, os quais guardam relação com a operação, deflagrada no dia 12 deste mês, por ordem da Justiça Federal da Seção Judiciária do Mato Grosso.
Na primeira vez, os policiais cumpriram nove mandados de busca e apreensão em Cuiabá e Várzea Grande e outros dois em Nova Mutum. A operação teve como objetivo desarticular uma quadrilha especializada neste tipo de crimes. Segundo investigações da PF, nos últimos seis anos, os acusados movimentaram mais de R$ 500 milhões. O grupo investigado usava empresas de factoring como fachada para conceder empréstimos, cobrando juros, para diversas pessoas físicas e jurídicas no Estado. A base operacional era uma empresa, em Várzea Grande, que oficialmente encerrou suas atividades em 2012.
O dinheiro era movimentado nas contas das factorings e outras empresas do grupo, entre as quais se encontra uma grande rede de postos de combustíveis da capital. O principal crime consiste no fato de que as empresas de factoring tem natureza estritamente mercantil, com a finalidade principal de assessoria e de compra de títulos de crédito, a fim de fomentar o comércio. Por isso mesmo, não têm autorização do Banco Central para conceder empréstimos, exigir garantias ou exercer quaisquer atividades exclusivas de instituição financeira.
(Atualizada às 13h50)