Um falso sequestro mobilizou todo o aparado da Gerência de Combate ao Crime Organizado (GCCO), da Polícia Judiciária Civil, ontem à tarde. Uma adolescente de 16 anos simulou o próprio sequestro depois de um desentendimento com a mãe. A menina foi descoberta e vai responder ato infracional de comunicação falsa de crime. Este é o segundo caso semelhante de adolescente desaparecida, descoberto em menos de 30 dias, pelo GCCO.
A avó paterna da adolescente procurou a Delegacia Especializada de Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente (Deddica), ontem à tarde, e comunicou o desaparecimento da neta, que estava sumida há quase dez horas. A unidade repassou a ocorrência ao GCCO, que passou a apurar. De acordo com a avó, a menina saiu cedo para ir à escola e não retornou mais para a casa. A família mora na região do CPA III, na Capital.
Às 13 horas, a pai da adolescente passou a receber mensagens em seu celular do aparelho da filha, que dizia “para de ligar aqui, quanto mais vocês ligam mais ela apanha”. Depois chegaram outras mensagens informando que a garota estava em Campo Grande e pedia o contato de uma tia, que manteve um relacionamento amoroso com um homem já preso por sequestro cometido em Barra do Garças.
O delegado chefe do GCCO, Flávio Stringueta, disse que a adolescente usou a informação do relacionamento da tia com o suposto criminoso para dar mais credibilidade no seu sequestro. Conforme o delegado, a descoberta de que tudo não passava de uma farsa foi rápida, devido ao alto grau de especialização dos policiais que atuam na Gerência. “Simulação de sequestro envolvendo adolescente só traz prejuízo à polícia, que acaba desviando a atenção de investigações complexas para um crime grave, como o sequestro, que na verdade não existe. Os policiais conseguiram perceber de cara esse falso sequestro”.
Pelo número do celular da adolescente, os policiais descobriram que as mensagens vinham da região do bairro Carumbé, em Cuiabá, onde estava escondida na casa de uma amiga. “Durante a investigação com auxilio da Delegacia de Entorpecentes conseguimos identificar pela torre do celular, de onde vinha as ligações”, disse o delegado.
Para o delegado, o forjamento de uma história falsa de crime nunca consegue atingir todos os graus de verossimilhança do fato. “Essa infantilidade da vítima mais o amadorismo não gera o efeito pretendido, só causa transtornos à família”, finalizou o delegado.