Em atuação de rotina na Barreira do Limão, em Cáceres, quase divisa com a Bolívia, policiais do Grupo Especial de Fronteira da Polícia Militar, abordaram um veículo Pajero com placas da Bolívia. Ao fazerem revista veícular foi localizada mais um carregamento de pasta-base de cocaína, agora 20,7 quilos. A droga estava escondida nas laterais do veículo. Apesar do volume, seria apenas mais uma apreensão e prisão de traficante não fosse um detalhe: o proprietário do veículo estava acompanhado das suas quatro filhas menores de idade.
De acordo com a Polícia Militar, as crianças bolivianas geralmente são usadas para tentar disfarçar a ação dos traficantes. Quase sempre "mulas" usadas pelos traficantes da Bolívia são presas junto com crianças. Há cerca de três anos, a polícia boliviana prendeu um casal e três filhos com cápsulas de cocaína no estômago. Seria uma ocorrência normal, não fosse o fato de dois dos filhos terem 7 e 11 anos de idade. O mais novo transportava quase meio quilo da droga na barriga.
Em outro caso policial, uma criança que nem tinha nascido ainda foi parar na prisão por causa do tráfico de drogas. Para conseguir dinheiro para um tratamento de saúde, uma mulher com oito meses de gravidez se propôs a engolir pasta base. Ela foi presa. A criança nasceu e passou os primeiros meses de vida atrás das grades.
Numa outra ocorrência, os pais aproveitaram a morte de uma criança que não havia completado quatro anos para abrir e rechear o cadáver com cocaína. Durante a viagem para a entrega da droga, a mãe da criança foi presa. Histórias como essas são comuns na Bolívia.
A busca por métodos pouco convencionais para o transporte de cocaína não é uma exclusividade da Bolívia. No início deste ano, a polícia colombiana desmantelou um grupo conhecido como os Cirurgiões, que implantava drogas cirurgicamente nas coxas de "mulas" (as pessoas que transportam drogas), também conhecidos no país por correios humanos. Os traficantes enviavam essas pessoas ao Brasil, Estados Unidos e países europeus.
A droga apreendida no sábado na Barreira do Limão seria levada para a cidade de Cáceres, onde seria entregue e depois despachada para outros centros.