João Arcanjo Ribeiro desembarca amanhã em Mato Grosso, num avião fretado pela Interpol, caso nenhum recurso ou mudança de estratégia atrapalhe ou obstrua a transferência dele. Segundo o jornal A Gazeta, a embaixada do Brasil em Montevidéu, no Uruguai, foi notificada ontem pelo juiz do 12º Turno Penal, Ricardo Vernazza, da decisão de extradição. Autoridades brasileiras decidiram pelo deslocamento imediato de Arcanjo, embora tenham prazo de 20 dias.
A notificação da Justiça uruguaia ao governo brasileiro é o último ato burocrático relacionado ao processo de devolução e também a única forma de transferir ao Executivo brasileiro a tutela do Comendador.
O deslocamento imediato à notificação será a medida adotada pelo Brasil para evitar que recursos da defesa barrem ou impeçam a transferência. O advogado Miguel Ravera, que afirma fazer a defesa do Comendador, em Montevidéu, informou que entrou com um recurso ontem na Suprema Corte, alegando irregularidades no curso do processo de extradição.
Outro advogado, que também se apresenta como o defensor do Comendador, Gervasio Guillat, declarou nos jornais locais que a extradição só foi possível porque “houve perseguição política” contra seu cliente.
A Justiça uruguaia decidiu pela extradição nas três instâncias, sendo duas recursais. A única exigência foi a de que Arcanjo seja submetido a outro julgamento, pela única condenação transitada em julgado em Mato Grosso. No país vizinho é imprescindível que o acusado esteja presente no ato do julgamento.
No pedido de extradição, Arcanjo é acusado de comandar o crime organizado em Mato Grosso com jogos ilegais, formação de quadrilha, contrabando de armas e assassinatos. Entre eles está o do empresário e dono do jornal Folha do Estado, Sávio Brandão.
O Ministério Público Federal e a Polícia Federal descobriram durante as investigações que Arcanjo é dono de um patrimônio estimado em US$ 700 milhões, com empresas e empreendimentos em vários países, como Orlando, nos Estados Unidos.