A Polícia Judiciária Civil de Cáceres (225 quilômetros de Cuiabá) identificou a mãe do recém-nascido envolvido em um registro de ocorrência de abandono de incapaz na segunda-feira. No entanto, as investigações apontaram para existência de falsa comunicação de crime e falso testemunho.
De acordo com a delegada Judá Maali Pinheiro Marcondes desde o início das investigações a Polícia Civil já suspeitava da inconsistência da versão do abandono do bebê, por existir contradições nos depoimentos do casal que teria encontrado a criança, em discordância com oitivas de outras testemunhas.
Após diligências e denúncias, que contaram com apoio da sociedade cacerense, a mãe do recém-nascido foi encontrada, ontem, no bairro Jardim Universitário e ouvida na delegacia.
Em depoimento a mulher, de 36 anos, afirmou que não se relacionava bem com o pai da criança, que ele a agredia, e que não queria contar sobre a gravidez. "Ela omitiu essa informação de todos os familiares. Disse que por possuir outros cinco filhos – três moram com ela – de relacionamentos anteriores, e estar desempregada, buscou outra família que poderia cuidar do seu filho", explicou a delegada por meio da assessoria.
Ela ressaltou que não abandonou o bebê, mas o entregou a conhecidos conforme já havia sido anteriormente acordado com o casal que pretendia adotar a criança.
De acordo com a Polícia Civil, também foi apurado que a mulher passou a noite anterior na residência do casal, e que o trabalho de parto evoluiu na madrugada, culminando com o nascimento da criança na cama dos denunciantes, que inclusive, ajudaram a retirar a placenta e cortar o cordão umbilical.
"Para justificar o aparecimento dessa criança no lar deles, os denunciantes inventaram que acharam a criança abandonada e registraram o boletim de ocorrência. O casal vai responder por falso testemunho, já que prestaram declarações na delegacia como testemunhas, e por falsa comunicação de crime", afirma.
A mãe da criança, a princípio não cometeu crime. "Ela não abandonou a criança e não colocou ela em riscos ou malefícios". Contudo, o caso segue em investigação pela Polícia Civil. A guarda do bebê será decidida na esfera judicial.