Com a meta de interiorizar e intensificar as ações da Campanha Estadual de Desarmamento, a mobilização no Interior de Mato Grosso segue com a formação de sub-comitês para articulação e mobilização da sociedade.
No Município de Alta Floresta, os objetivos de interiorização da campanha foram apresentados, no final da semana passada, a dirigentes municipais e representantes da sociedade civil, que se encarregarão da montagem do cronograma de ações a serem desenvolvidas com a sociedade, em especial, nas escolas, com a intenção de atingir o público estudantil, como explicou o coordenador de Polícia Comunitária da Secretaria de Justiça e Segurança Pública, major Wilson Batista. “Atingindo crianças e adolescentes, conseguimos chegar aos pais e sensibilizá-los quanto à importância da formação de uma cultura de paz, que começa dentro da própria casa”, afirmou o oficial.
No Município, a campanha será coordenada pelo comandante de Policiamento de Área, tenente-coronel Cilson de Oliveira, estendendo as ações até Peixoto de Azevedo (691 km ao Norte). A exemplo de Alta Floresta, já foram formados sub-comitês em outras duas cidades-pólo – Rondonópolis e Cáceres -, além de Pontes e Lacerda, restando ainda as cidades de Tangará da Serra e Barra do Garças. Em todos os Municípios, os sub-comitês conduzirão as ações conforme a realidade local e contarão também com um “Dia D” de Mobilização, quando serão desenvolvidas ações educativas e recreativas, com participação dos parceiros da campanha.
“A campanha integrada com envolvimento das Polícias Civil, Militar e Federal e a sociedade estava ocorrendo apenas na Capital e resolvemos estendê-la ao Interior, onde, mesmo contando com pontos de arrecadação, não tem um trabalho de conscientização efetivo e a interiorização massiva da campanha”, afirmou o secretário-chefe da Casa Militar, coronel Orestes de Oliveira, que também coordena a campanha.
RECOLHIMENTO DE ARMAS – Com a prorrogação da entrega voluntária de armas pelo Governo Federal, até o dia 23 de junho deste ano, o cidadão pode devolver uma arma sem sofrer qualquer penalidade. Em quatro meses de adesão à campanha, a Polícia Federal, que coordena o recebimento e destruição das armas, já recolheu em Mato Grosso, nos postos da PM, Polícias Civil e Federal, mais de 3.488 armas. Com a interiorização da campanha, a expectativa da organização é dobrar a quantidade já recebida. Após 23 de junho, o porte da arma não legalizado será crime inafiançável, com pena de reclusão de até quatro anos.
“Sabemos que o uso da arma potencializa ainda mais a prática de crimes e não oferece segurança ao cidadão. Estamos, durante a campanha, buscando mostrar situações que comprovam os fatos, com depoimentos de vítimas. Por isso, estamos contando com o envolvimento de todos os segmentos da sociedade para repetirmos, como em Cuiabá, o mesmo trabalho de conscientização”, disse o coronel Oliveira.
O cidadão proprietário de arma de fogo que deseja se desfazer dela deve antes solicitar uma guia de transporte em uma unidade das Polícias Civil, Militar ou Federal. O documento é a garantia de circulação com o equipamento sem riscos. No Interior, as armas podem ser entregues nos batalhões da PM, Delegacias das Polícias Civil ou Federal e também nos postos da Polícia Rodoviária Federal.
No dia 30 deste mês, a Polícia Federal irá realizar a destruição do primeiro lote das armas recolhidas.
MOBILIZAÇÃO – Para a mobilização e articulação das ações da Campanha de Desarmamento, o Governo do Estado está participando ativamente com o envolvimento de diversas Secretarias de Estado. “A mobilização começou dentro do próprio Governo, com a realização de trabalhos educativos, de cidadania, de divulgação, enfim, um engajamento de todos os interessados em participar dessa importante campanha”, destacou o secretário Oliveira, ressaltando ainda a importância de mostrar à população que a campanha não é a solução para a redução dos índices de criminalidade, mas uma estratégia de prevenção. “Estamos conscientizando a sociedade para ações preventivas e também buscando desmistificar a questão de que a Polícia está desarmando o cidadão de bem. Ao contrário, pessoas não preparadas tornam-se vulneráveis ao usar armas, estendendo o perigo a familiares, conforme demonstram as estatísticas”, observou.
Antes de o cidadão entregar uma arma, deve, primeiramente, dirigir-se a um posto da Polícia Federal, unidades da PM ou delegacias, para solicitar o formulário de autorização para o transporte da arma ou munição.
Uma estatística, demonstrada por meio de um estudo realizado pelo Movimento Viva Rio e Instituto de Estudos da Religião, comprovou que o Brasil é o País com maior número de vítimas de armas de fogo no mundo. De acordo com o relatório, no Brasil, 38 mil pessoas são vítimas desse tipo de arma por ano.
Durante dois anos pesquisando em todo o País o número de armas legais e ilegais, os pesquisadores concluíram que, das 17,3 milhões de armas de fogo no existentes hoje no País, cerca de 1,8 milhão pertencem às Polícias e às Forças Armadas. O restante está com a população – 15,5 milhões. Desse número, a maioria – 8, 7 milhões – é de armas não registradas.