Uma quadrilha roubou 150 toneladas de adubo de uma indústria após render o vigilante, utilizar pá carregadeira e caminhões para carregar o produto em caminhão. Não foi informado o valor da carga furtada. O armazém fica na zona rural, às margens da BR-364, o que facilitou a ação dos bandidos. A Polícia Civil procura a carga e os ladrões.
“O caso é atípico na região, pois temos realizado várias ações para inibir esse tipo de crime. Os indícios são de que os criminosos fazem parte de uma quadrilha organizada, que sem dúvida rouba para vender e já tem destinatários para o produto, porque não vão roubar uma carga dessas sem ter comprador”, afirma o delegado da Delegacia de Roubos e Furtos de Rondonópolis, Gustavo Belão.
O maior número de crimes ocorre entre agosto e dezembro, quando grande parte dos agrotóxicos chega às fazendas. Em 2014, já ocorreram sete ocorrências do tipo, contra 25 em 2013 e 33 em 2012. Por serem ações em locais isolados e de pouco movimento de pessoas, a investigação e prisão dos culpados é mais difícil. Desde 2012, foram detidas 20 pessoas, enquanto os criminosos realizaram 65 furtos e roubos.
No Estado, os roubos corresponderam a pouco mais de 23% desse tipo de crime. Na maioria dos casos os defensivos agrícolas e outros produtos utilizados nas fazendas são levados no meio da noite, sem que ninguém perceba o ocorrido, caracterizando furto.
A frequência dos roubos e furtos tem assustado produtores de Mato Grosso e em algumas fazendas já são utilizados vigias noturnos para tentar evitar as ações das quadrilhas. O vice-presidente da Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja-MT) na região Leste, Endrigo Dalcin, explica que os defensivos agrícolas ficam em locais afastados, o que facilita os crimes. “Aqui na região de Nova Xavantina já foram 3 fazendas furtadas esse ano. Por lei, os armazéns que guardam esses produtos têm que estar distantes no mínimo 50 metros das casas da fazenda. Os produtores estão preocupados, pois ainda nem estamos na época de mais roubos e já tivemos essas ações. As quadrilhas são especializadas e escolhem os produtos mais caros, deixando um prejuízo enorme para o fazendeiro”.
Em Sinop, apesar do menor índice de ocorrências, os produtores já se preparam para a próxima safra e, consequentemente, para o aumento dos furtos e roubos em fazendas. “No ano passado tivemos 4 roubos aqui na região e são coisas que desestabilizam o produtor, que muitas vezes não tem como repor o produto. Com um carro pequeno é possível levar até R$ 1 milhão em defensivos agrícolas, que dependendo do tipo pode custar mais de R$ 1 mil o quilo”, reclama o presidente do Sindicato Rural de Sinop, Leonildo Barei.
Mesmo como minoria, os roubos e a violência com que ocorrem são motivos de medo para os fazendeiros, pois esses bandidos são difíceis de encontrar. “Eles rendem caseiros, fazem reféns e sempre deixam uma marca. Deixam também dívidas que o fazendeiro pode não ter condições de pagar, pois está sem crédito no mercado por causa da compra grande que fez dos defensivos agrícolas que foram roubados”, enfatiza Barei.
Para quem passou pelo crime a recuperação do prejuízo não é fácil, além da necessidade de se investir em segurança para evitar novos crimes. O produtor rural Jair Tarafini, 45, teve sua fazenda furtada há cerca de 40 dias e ainda gasta por causa dos danos sofridos. “Perdi uns R$ 200 mil em 2 tipos de produtos e é um prejuízo que a gente não encontra os culpados. Na região, também já aconteceram outros furtos e agora estou reforçando a segurança cercando a fazenda e também contratei pessoas para vigiar, pois não tem como colocar meus funcionários cansados do dia de trabalho para fazer isso”.
Assim como em outros crimes do tipo, a ação dos bandidos é bem planejada e ocorre em horários de menor movimento no local. Tarafini desconfia da ação de alguém que conhecia a fazenda, mas nada foi provado ainda e nenhum dos culpados foi preso. “Eles tiveram informação privilegiada, porque fui roubado no dia em que tinha chegado o carregamento, mas o que podemos fazer é investir em segurança”.
Outro lado
Segundo a assessoria de imprensa da Polícia Civil, são realizadas ações e investigações para que os culpados sejam presos. As 20 pessoas detidas desde 2012 por esse tipo de crime foram presas nas regiões de Guiratinga, Sorriso, Nova Ubiratã, Rondonópolis, Cuiabá e Jangada e foram apreendidos nesse período uma carga de 940 litros, outra de 375 caixas em pó e líquido, uma carga avaliada em R$ 400 mil, uma avaliada em 1,2 milhão (300 kg e 8 litros); um material de 780 litros, além de uma carga de 499 galões e 200 quilos.
(Atualizada às 09:08h)