Após ter confessado nos mínimos detalhes que matou o filho de 2 anos, a pauladas e abandonou seu corpo no meio de um canavial em Tangará da Serra no dia 18 de março deste ano, a dona de casa R.O.G., 18 anos, voltou atrás. Durante a reconstituição do crime realizada pela Perícia Oficial de Identificação Técnica (Politec) ontem (2) ela resolveu negar e disse que não matou a criança. Mas para a delegada do caso, Liliane Soares Diogo, essa atitude já era esperada, pois conforme a policial, a acusada que está presa desde 17 de abril, já deve ter recebido alguma orientação de outras pessoas, como presidiárias e talvez até de algum advogado para negar o crime e dizer que não sabia o que estava falando quando assumiu a autoria do assassinato.
Essa nova atitude da acusada, não altera em nada o andamento das investigações e nem a isenta da acusação de homicídio qualificado, pois de acordo com a delegada, os exames já realizados e as investigações apontam para ela como autora do crime. “Mesmo que ela não tivesse confessado, já temos elementos suficientes apontam ela como autora do crime e que foram capazes de sustentar a prisão temporária deferida pela Justiça”, enfatiza a delegada. A mulher só confessou o crime após ter sido presa no dia 17 do mês passado. Antes disso, ela continuava levando a vida “normalmente”, e concedeu, segundo a delegada, várias entrevistas para a imprensa local. “Ela sempre agiu de forma fria e falava do caso como se a vítima fosse filha de outra pessoa e não dela”, pontua Soares.
O Gazeta Digital também apurou que a mãe foi condenada no dia 12 de março deste ano a cumprir 6 meses de medida socioeducativa pelo crime de tentativa de homicídio qualificado praticado por motivo fútil contra o menino quando ele tinha apenas 6 meses. Ou seja, 6 dias depois da condenação ela registrou, em 18 de março, uma queixa de sumiço do filho que foi encontrado morto um dia depois. O corpo da criança estava apenas com uma camiseta e apresentava diversos ferimentos em várias partes, inclusive na região anal, levantando a hipótese de abuso sexual. Mas a delegada não acredita que existe relação entre o fato da condenação e o assassinato da criança, praticado, segundo a delegada, pela acusada confessou, mas agora nega.
A delegada reforça que a confissão está assinada por ela, é válida e consta nos autos como mais uma prova. A reconstituição do crime, inclusive, foi feita com base nos relatos da acusada. “Ela descreveu tudo nos mínimos detalhes e apontou o local onde agrediu a criança com golpes de pau e depois apontou outro local mais distantes onde havia abandonado corpo”. Todos os detalhes batem com as provas já colhidas pelos exames da perícia. “Ela descreveu também detalhes de locais onde atingiu a criança com os golpes”, informa a delegada.
Agora, ao negar o crime, a jovem que já tem outro filho de 6 anos e está novamente gestante de 3 meses, foi questionada pela delegada de como ela sabia de tantos detalhes fornecidos na confissão e tentou alegar que tinha visto nos noticiários. Mas Liliane Diogo afirma que são informações mínimas que não foram divulgadas na imprensa.
A delegada Liliane Diogo Soares informou que na próxima semana deverá pedir prorrogação do prazo por mais 30 dias para concluir o inquérito. Isso porque ela ainda aguarda alguns laudos da perícia sobre os vestígios de sangue humano encontrados embaixo de uma árvore onde mulher apontou como sendo o local onde agrediu o filho a pauladas. Também espera resultados sobre as marcas de sangue encontradas em restos de materiais queimados atrás da casa e também dos vestígios de sangue encontrados nas roupas do padrasto da vítima, de 43 anos. Ele chegou a ser preso, mas foi solto no mesmo dia após a acusada o inocentar e afirmar que cometeu o crime sozinha. Quando o laudo ficar pronto, a delegada poderá saber se de fato ele participou ou não, pois os exames devem mostrar se o sangue foi espirrado diretamente na roupa dele ou se foi repassado quando ele teve contato com a acusada.
Quando o inquérito for concluído, a delegada vai pedir a conversão da prisão temporária em preventiva, que neste caso, não tem prazo definido. Liliane acredita ainda que a defesa da acusada deverá solicitar a realização de exames de insanidade mental na acusada depois que o caso for para o Judiciário.