A Polícia Federal realiza, esta manhã, a Operação Miquéias. Em Mato Grosso, os policiais cumprem mandados de busca e apreensão no escritório, localizado no bairro Santa Rosa, e na residência, no condomínio Florais Cuiabá, de um advogado da capital. No Estado apenas estes dois mandados foram cumpridos pelos agentes. A assessoria da PF também confirmou que três veículos foram apreendidos.
Mais de trezentos policiais cumprem 102 mandados judiciais, sendo 5 de prisão preventivas, 22 temporárias e 75 de busca e apreensão no Distrito Federal e em nove Estados: São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás, Maranhão, Amazonas e Rondônia. No Distrito Federal 16 pessoas já foram presas. Nos outros estados ainda não foi informado.
De acordo com a assessoria da PF, o objetivo é desarticular duas organizações criminosas com atuações distintas. Uma de lavagem de dinheiro e outra acusada de má gestão de recursos de entidades previdenciárias públicas. Essa é a primeira operação da história da Polícia Federal no combate a esta espécie de crime, segundo a corporação.
A investigação iniciou há um ano e meio para apurar lavagem de dinheiro por meio da utilização de contas bancárias de empresas de fachada ou fantasmas, abertas em nome de “laranjas” ou “testas-de-ferro”, de forma a ocultar os verdadeiros responsáveis por tais movimentações. Verificou-se a existência de uma holding de empresas que consistia em um verdadeiro serviço de terceirização para lavagem do dinheiro proveniente de crimes diversos.
No curso da investigação, observou-se que os líderes da organização criminosa também desenvolviam outra atividade ilícita: o aliciamento de prefeitos e gestores de Regimes Próprios de Previdência Social a fim de que eles aplicassem recursos das respectivas entidades previdenciárias em fundos de investimentos com papeis pouco atrativos, geridos pela própria quadrilha e com alta probabilidade de insucesso.
Esses fundos eram formados por “papeis podres”, decorrentes da contabilização de provisões de perdas por problemas de liquidez e/ou pedidos de recuperação judicial dos emissores de títulos privados que compõem suas carteiras. Severos prejuízos foram verificados no patrimônio desses Regimes Próprios de Previdência Social.
Os prefeitos e gestores dos regimes próprios de previdência eram remunerados com um percentual sobre o valor aplicado. O esquema contava também com a intermediação de importantes lobistas que faziam o elo entre agentes políticos e a quadrilha.
Nessa investigação, foram verificadas irregularidades especificamente nos Regimes Próprios de Previdência Social das seguintes prefeituras: Manaus/AM, Ponta Porã/MS, Murtinho/MS, Queimados/RJ, Formosa/GO, Caldas Novas/GO, Cristalina/GO, Águas Lindas/GO, Itaberaí/GO, Pires do Rio/GO, Montividiu/GO, Jaru/RO, Barreirinhas/MA, Bom Jesus da Selva/MA, Santa Luzia/MA.
(Atualizada às 10h20)