O assunto deste artigo está presente em nossas vidas muito mais do que você imagina. Já ouviu falar em Hidro Lipo Distrofia Ginóide (HLDG)? O termo não é muito conhecido, mas todo mundo tem graus da HLDG, que é o excesso de líquido fora da célula (uma distrofia no componente de da célula adiposa presente na região do quadril), popularmente conhecidos como celulites.
O resultado dessa disfunção é o que mais incomoda a maioria das mulheres, principalmente quando coloca um biquíni, influenciando muito nas relações sociais. Nas avaliações em consultório a principal queixa são os ‘furinhos’ localizados mais na região de bumbum e coxas, chamados pelos pacientes de celulites. Mas há uma diferença e agora vamos entender a diferença, como a HLDG surge e evolui para celulite e como tratar.
A HDLG está presente na vida de todo mundo, pelo menos no primeiro grau: onde concentra líquido entre as células, formando uma prega da pele e causando um edema (inchaço) que pode nem ser percebido.
O segundo grau é quando você contrai o glúteo e é possível perceber os ‘furinhos’. Isso acontece porque nossas células liberam toxinas (radicais livres) para produzir ATP (energia nas células). Se os capilares linfáticos no meio extracelular não estiverem funcionando adequadamente ou pelo consumo excessivo de toxinas na alimentação (refrigerantes, frituras, açúcares, etc) os furinhos se tornam visíveis. Por isso a drenagem linfática é importante nesse caso. Vamos abordar as funcionalidades da drenagem linfática em uma outra oportunidade.
O terceiro grau é quando o acúmulo de toxinas vai além do que o sistema linfático consegue eliminar do meio extracelular. Assim, o organismo reage como defesa mandando água para a região entre as células (meio extracelular) para diluir a concentração de toxinas. Isso acontece pois há uma compressão dos vasos sanguíneos e linfáticos, o que diminui a oxigenação e os nutrientes (matrizes celulares também diminuem) como consequência há redução de fibroblastos causando também a diminuição da produção de colágeno e elastina. Nesse estágio os furinhos já são aparentes naturalmente.
O quarto grau é o grau conhecido como ‘casca de laranja’, é como a pele fica parecendo. O que acontece é que o acúmulo de toxinas é tão grande que o mecanismo de defesa já reagiu pela segunda vez mandando água e não adiantou, assim ocorre um encapsulamento criando uma malha de fibras em volta surgindo as fibroses. Isso causa a aparência tão irregular da pele. Até chegar nesse estágio avançado o corpo apresentou reações alertando. Por isso só a drenagem linfática, que trata o primeiro grau, não será suficiente. Recursos mais potentes e avançados devem ser feitos.
O quinto grau pode ser considerado celulite, pois é quando a fibrose inflama e aí sim tem uma inflamação. Quando chegar nesse grau será necessário um trabalho em equipe, envolvendo médico, fisioterapeuta e nutricionista.
Mas aí comparamos as senhoras de idades mais avançadas com as mocinhas, e notamos que as jovens desenvolvem os graus de HDLG evoluindo para celulite com mais frequência. Isso é porque a alimentação de antigamente era bem diferente, muito mais saudável que a de hoje. A alimentação é um dos fatores que mais influenciam no aparecimento e desenvolvimento das terríveis celulites.
E como tratar?
O primeiro passo para o tratamento é mudar alimentação e beber muita água. A água é o principal veículo para eliminar as toxinas. Produzimos dois litros de toxinas por dia, por isso no mínimo temos que beber dois litros de água por dia. Se tomar apenas um litro, sobrará um litro de toxinas. Mas existem pessoas que falam: "bebi muita água e ainda assim retenho líquido". É importante ficar atento com as águas com pH muito baixo (pH ácido), pois você estará ingerindo toxinas.
O tratamento é multidisciplinar. Mas vou focar nas opções dentro da dermato funcional, que é minha especialidade. Começamos o tratamento reduzindo os graus aos poucos. Não pense que de um dia para o outro a pele ficará lisinha sem os furinhos, requer muita disciplina e uma sequência de protocolos, tudo dentro da indicação de acordo com cada caso.
Quando está nos primeiros estágios da HLDG é necessário entrar com procedimentos de desintoxicação e drenagem Linfática Manual. Já nos graus mais avançados são necessários procedimentos mais invasivos para rompimento da fibrose. Como a carboxiterapia, técnica para celulite o resultado é rápido, por isso é muito procurado no verão. Além disso, o ultra-som, radiofrequência, laser e técnicas de massagem mecânica e manual são excelentes, depende da associação e necessidade diante dos aspectos clínicos de cada um. Procure a orientação de um bom profissional da área para que o tratamento seja eficiente para o seu caso.
Eloiza Zimmer – fisioterapeuta Dermato Funcional