A reprodução territorial de uma cidade ocorre de duas formas: a primeira se dá através da ampliação da base territorial, com expansão de forma horizontal; a segunda ocorre por meio da expansão vertical, que permite ao empreendimento imobiliário, vender muitas vezes a mesma localização. A reprodução territorial da cidade tanto no que concerne a expansão horizontal como a vertical, é acionada por agentes concretos (proprietários fundiários, empreendedores imobiliários, corretores, compradores e o Estado) que agem conforme os seus interesses.
Os agentes fomentadores da verticalização residencial em Sorriso são os agricultores. A economia baseada no agronegócio proporcionou uma forte capitalização no campo e produziu na cidade um grupo de pessoas com grande reserva de capital e vislumbram a aquisição de apartamentos e até a construção de edifícios como uma forma de investimento.
No processo de construção, incorporação e venda vem ocorrendo a participação de três incorporadoras imobiliárias: EMG – Construtora Ltda., com atuação na construção civil desde 1998; Coenza Construções Civis Ltda., em atividade na cidade desde outubro de 2004; Construtora e Incorporadora América, empresa criada em 2009 em parceria entre a Gralha Azul de Sinop e a América Insumos Agrícolas de Sorriso.
Essas construtoras se aliam ao proprietário fundiário, permutam terreno por apartamentos. O proprietário do terreno ao realizar a troca, vende uma dada localização, mas mantém o direito de usufruir a mesma que irá valorizar com o tempo, tornando-se mais lucrativo que manter o terreno „vazio‰. Para a construtora é compensador, porque paga uma „mercadoria‰ – o solo urbano após a construção do edifício.
Dessa forma o principal agente financeiro no processo de verticalização é o capital privado. Os adquirentes compram os apartamentos na planta para revender depois ou para alugar, fazem o pagamento a vista e também parcelado junto às construtoras, empréstimos bancários e por permuta.
Embora os agricultores representem o maior número de investidores, figuram também empresários e profissionais liberais. Além de ser um investimento para os compradores, estes, adquirem os apartamentos para morar, em busca de segurança.
Essa ideia vem alterando hábitos e costumes, antigos moradores, sobretudo agricultores, estão trocando o espaço amplo das casas, pelo espaço privativo e comum dos edifícios. Segundo os entrevistados tal mudança se justifica devido o fato de passarem um período na fazenda, buscam a moradia em apartamento por oferecer maior segurança que nas casas.
Numa análise geográfica verifica-se, que este não é o único motivo, a segurança é um atributo que vem sendo utilizado para promover a verticalização. Por uma questão de lógica, primeiro cria-se um problema, para depois apontar a solução. Os empresários e produtores agrícolas capitalizados se unem, aliam-se aos promotores da construção, constroem prédios, vão morar neles e desta forma valoriza o empreendimento, que por sua vez faz surgir novas demandas.
Zenilda Lopes Ribeiro é Geógrafa, Professora de Geografia Humana da Universidade Federal de Mato Grosso-Campus Araguaia