Algumas vezes observamos o quanto nos jogamos a culpa de nosso sucesso ou fracasso a terceiros. Este ano a Copa do Mundo nos mostrou que o fracasso do Brasil foi nosso e não por culpa da França. Afinal, nosso desafio futuro é responsabilidade de quem? Obviamente já sabemos a resposta. Todavia, resta-nos discorrer um pouco sobre como podemos enfrentar esta responsabilidade.
Se o jovem possui um medo grande de empreender, o adulto também o tem. Se existe uma alta taxa de jovens buscando estabilidade e segurança, também existem muitos adultos. A responsabilidade é de quem….quem passou a herança psico-cultural da estabilidade e da segurança? Foram os militares, foram os políticos da nova
constituinte ?
De fato, empreendedorismo, estabilidade, segurança são conceitos que devem ser considerados como valores, mas com grande antagonismo intrínseco. Ao disseminar a cultura do trabalho com prazer, o empreendedorismo reforça a máxima liberal de que o mercado por si só regulará as demandas sócio-econômicas emergentes, colocando num outro patamar a tão sonhada estabilidade e segurança perseguidas na cultura brasileira.
O velejador Lars Grael comentou em uma de suas inúmeras palestras pelo País, que a estabilidade sem vento em alto mar não interessa, ou seja, sem vento forte na direção certa não se chega aos objetivos e metas desafiadoras.
Ao empreender buscamos ajustar nossas velas a realidade do mercado, e sobretudo, ao nosso sonho profissional de realização. Ajustar nosso futuro com estabilidade e segurança é que todos desejamos.
Assim sendo, entendemos por quê poucos jovens buscam enfrentar no inicio de sua viagem os revoltos mares da iniciativa nos negócios. A maioria foge.
Mas ao condicionarmos nosso inicio de viagem a mares calmos, mesmo que distantes daquele desejado rumo, estamos nos afastando cada vez mais daquilo que fundamentalmente tem motivado homens e mulheres felizes e com auto-realização profissional, ou seja, acreditar no seu futuro.
Algo de errado existe em nosso seio psico-cultural. Por quê nos interessa tanto a estabilidade e a segurança ? Por quê nosso porto seguro se afasta cada vez mais? Por quê o Estado não abre mais vagas, com melhores salários, assim ficaríamos socialmente e economicamente amparados !
Muito recentemente, tenho sentido os efeitos da inércia sobre nossos jovens. Apáticos e sem rumo, uma grande maioria ainda se perde na felicidade e nos dribles do Ronaldinho. Seu herói, aquele que dá o sangue pela pátria. Melhor ainda, aquele que sabe fazer, e não precisou seguir os passos da educação formal. Aprendeu fazendo e fez sucesso.
Por quê preciso acreditar no meu futuro? Por quê devo pensar no meu futuro?
Como jovem acredita que o hoje é mais importante que o amanhã, de fato não preciso nem acreditar no meu futuro e muito menos pensar.
Deixa papai e mamãe pensar por mim. Vamos mudar isso….
Eber Capistrano Martins – mestre e pesquisador em empreendedorismo. Empreendedor na Valor Regional e Gerente de Projetos no IEL-FIEMT.