PUBLICIDADE

Vá ao banco. Mas não me chame.

PUBLICIDADE
PUBLICIDADE

Uma sexta feira qualquer, onze e trinta da manhã, meu estômago já roncava fortemente anunciando que chegava à hora de saciá-lo, mas uma conta vencida me faria sentir muito mais do que fome naquele dia. Aquela conta me faria sentir raiva, indignação e um enorme sentimento de insignificância.
Entrei na fila do banco as onze e trinta e cinco, devia ter mais ou menos umas trinta pessoas á minha frente, todos com a mesma cara de cansaço, fome e muita revolta, pude perceber.

Fiquei pensando nos seis funcionários que vi ao entrar, no andar de baixo, sentados em suas mesas, em um setor chamado de atendimento preferencial, lembrei também que só havia um cliente sentado em uma das mesas, uma moça muito bem vestida aguardava tranquilamente, tomando uma xícara de café enquanto o atendente tentava ser o mais agradável possível. Na fila em que eu estava dois sujeitos reclamavam da fome que apertava e dos trinta minutos que já estavam ali. No único caixa que atendia a mesma fila, o atendente parecia estar na mesma situação, faminto, mal humorado, praticamente não olhava para os clientes, menos ainda para a própria fila, que só aumentava, eu já nem sabia dizer mais se ela era maior à minha frente ou atrás de mim.
“Maldita conta vencida” eu pensava, como fui me esquecer? Podia tê-la pago em uma casa lotérica, em qualquer outro lugar. Mas acabei parando justamente no banco, “Maldição”.

Vieram-me à cabeça as várias propagandas que vemos todos os dias nos meios de comunicação, onde os bancos, inclusive aquele em que estava, enaltecem seu atendimento, dizendo o quanto tratam bem seus clientes, Então quem paga uma conta aqui não é cliente, certo? Comecei a tentar entender o conceito de cliente para aquele banco e conclui “Talvez, sejam apenas aqueles que possuam contas polpudas aqui”. Pensei em chamar o gerente e convidá-lo a me acompanhar na fila, pensei também em ligar para o setor de reclamações, mas conhecendo os tele atendimentos, conclui que teria que esperar também para ser atendido, então desisti.

Que importância tem para um banco um sujeito que não possui conta bancária, ganha pouco, e seu único propósito ali é pagar uma conta vencida? Quem quiser saber a resposta entre na fila.

Rogério Manoel Rosseto é autônomo e reside em Alta Floresta

COMPARTILHAR

PUBLICIDADE
PUBLICIDADE

Mais notícias

Tecnologia a serviço da sustentabilidade

A evolução tecnológica desempenha um papel fundamental no fortalecimento...

Tive um Infarto, posso fazer exercícios?

A prática de exercícios físicos após um infarto do...

Cuidando do quintal do vizinho

É curioso observar a hipocrisia de alguns países europeus...