No último dia 1º de fevereiro, o Conselho Nacional de Educação, órgão integrante da estrutura do Ministério da Educação publicou edital de chamamento para a realização de Consulta Pública destinada a receber contribuições para a proposta de atualização das Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN) para o curso de graduação em Ciências Contábeis.
As DCN originaram-se na Lei nº 9.394/96 (Lei de Diretrizes e Bases da Educação), onde no art. 9º, diz que é incumbência da União estabelecer, em colaboração com os estados, Distrito Federal e os municípios, competências, diretrizes e procedimentos que nortearão os currículos e os conteúdos mínimos, para a formação educacional.
As Diretrizes são um conjunto de definições e normas obrigatórias para a educação que orientam o planejamento curricular das instituições de ensino. Em síntese, as Diretrizes dão a estrutura e a Base o detalhamento de conteúdos e competências a serem implementados pelas Instituições de Educação Superior (IES).
Nada mais salutar esta atualização visto a velocidade com que o mercado, as culturas e as legislações evoluem e nesse âmbito, não poderia a contabilidade enquanto ciência ficar para trás nesse constante cenário de mudanças.
Preocupado com a qualidade do ensino nas IES, o Conselho Federal de Contabilidade (CFC) capitaneou grande mobilização nacional para a elaboração da minuta de atualização das diretrizes, que contou ainda, com as contribuições de docentes, de estudantes e de profissionais que atuam no mercado, ou seja, é a valiosa dobradinha entre teoria e prática.
E por falar em ensino, o CFC é merecedor de aplausos visto ser uma de suas competências o programa de educação continuada que visa manter em constante qualificação o profissional da contabilidade. Basta esse profissional querer!
A minuta da proposta de atualização das DCN, caso não ocorra mudanças, diz que o curso de graduação em Ciências Contábeis deve proporcionar aos discentes, ao longo da formação acadêmica, no mínimo, algumas competências e habilidades, dentre elas, menciono a seguir, as que julgo serem mais relevantes para o atual cenário.
No que concerne as competências, os novos estudantes de Ciências Contábeis devem compreender como a tecnologia da informação contribui para a análise de dados e para a geração de informação. Essa compreensão tornará o profissional mais ágil e conectado, transformando-o em um verdadeiro Chief Executive Officer.
Em relação as habilidades, a atualização das diretrizes buscam integrar os conhecimentos de Administração, da Economia, do Direito e de outras áreas relacionadas aos saberes das Ciências Contábeis para criar ou aprimorar, de forma inovadora, os modelos de negócio das entidades.
Não precisa ser um estudioso no assunto para saber a necessidade com que as diretrizes curriculares dos cursos sejam periodicamente revisadas e atualizadas para atender as demandas do mercado de trabalho.
Atualmente está em vigor a Resolução CNE/CES 10, de 2004. Como se vê muita coisa mudou nesses mais de dezoito anos de vigência das Diretrizes Curriculares Nacionais, outras coisas nem existem mais, face a velocidade com que as transformações ocorrem.
Portanto, já está na hora das DCN se adequarem à realidade seja das tecnologias, seja do perfil dos novos e jovens profissionais que optaram por esta área do conhecimento.
Pois é a partir disso, que a meu ver, o novo profissional da contabilidade deve possuir, além do censo de inovação ter visão sistêmica e humanista, e sempre estar disposto a aprender e se qualificar ao logo de sua jornada laborativa.
Visão sistêmica porque o profissional necessita ter a capacidade de enxergar e compreender o todo do processo, analisando cada agente e situações que o formam para poder apresentar soluções conforme a real necessidade o cliente.
E em um cenário cada vez mais tecnológico e gerido por máquinas, a visão humanista vem para impor a valorização dos atributos e realizações humanas. Afinal, o todo atrelado a tecnologia de nada adianta sem a interação com o ser e o sentimento de quem é de carne e osso.
O mundo vem passando por rápidas e profundas mudanças e a ciência contábil não pode ficar um passo atrás.
Tomamos como exemplo a Covid-19 que acelerou muitas transformações que estavam previstas para o futuro, o que torna ainda mais importante a atualização das DCN.
Sobre esse prisma, as pessoas soft skills usando de suas habilidades, competências e experiências, não só profissionais, tendem a levar vantagem sobre as demais, em especial daquelas que fogem da qualificação.
Sabemos que a Ciências Contábeis, assim como qualquer outra área do conhecimento exige constante atualização e agregação de novos conhecimentos, para a partir disso podermos oferecer o “novo” aos nossos clientes, seja ele, interno ou externo.
Por fim, o bom profissional é aquele capaz de produzir informações contábeis nas suas diversas áreas de aplicabilidade e com isso favorecer o desenvolvimento da sociedade como um todo. Afinal a contabilidade é uma ciência social.
Em tempo, você, profissional da contabilidade, docente, discente e operadores do mercado, acessem o site do Ministério da Educação e opinem sobre a Consulta Pública.