O que deveria ser apenas mais uma etapa na vida de estudantes de todo país, tornou-se um martírio a ser lembrado pra toda vida por conta de falhas que sequer deveriam ser imaginadas tanto por quem avalia quanto por quem é avaliado.
Sempre tive opinião formada e contrária a respeito de ações como essa avaliação, que se apresentam como tábua da salvação dos menos favorecidos no mar de ignorância que assola nosso país.
O ENEM nunca prestou ao seu propósito inicial que é avaliar o conhecimento adquirido pelos estudantes ao longo dos anos em que cursaram o ensino médio. No máximo avalia cursinhos preparatórios bancados por filhinhos de papai que vão à escola não para estudar, mas para socializar as conquistas daquilo que o dinheiro pode comprar, como a própria graduação escolar.
Verdade seja dita, avalia também cursinhos públicos que alguns poucos afortunados pela sorte encontram; fruto do desprendimento de professores que encaram a profissão como sacerdócio.
Seja como for, uma pequena parcela é avaliada pelo que verdadeiramente aprendeu. A grande maioria coloca à prova a sua capacidade de decorar datas, locais, personagens históricos, fórmulas e regras.
Houvesse real interesse em avaliar, as provas seriam aplicadas de surpresa a qualquer momento do último ano do curso, como alias, vez por outra acontece e que a meu ver deveria ser regra, não exceção à ela.
Dos males o menor.
O maior de todos está no fato do governo usar o exame para dividir o Brasil e os brasileiros em castas, jogando uns contra os outros como se os problemas do dia-a-dia não fossem o bastante para serem superados.
Para mim está claro que o ENEM e as cotas sociais e raciais são uma forma de fazer o mea-culpa sem que medidas realmente eficazes sejam tomadas para erradicar a má qualidade de ensino das salas de aula, não por culpa dos educadores, mas do próprio sistema a quem convém a escravatura do pouco ou nada saber.
Por essas e muitas outras é que me recuso a aceitar prêmio de consolação. Se premiação há de ter, que seja por mérito.
Chega de farsa.
Abaixo o ENEM, o vestibular e as cotas.
Ensino público e de qualidade já; porque querer é poder, e, eu quero.
Clayton Cruz é radialista e blogueiro em estado de hibernação em Sinop.